
Já ao final da desastrosa atuação do Inter diante do Passo Fundo, Argel dava mostras de que poderia testar modelos diferentes de equipe. No jogo seguinte, contra o Avaí, reapareceu com um sistema que adotou logo em sua chegada ao clube, mas que ficou engavetado em nome do 4-2-3-1 e do 4-4-2 com o meio-campo desenhado em losango.
Essa nova versão do Inter também joga no 4-4-2, mas com o meio-campo em linha, com dois jogadores dos lados do campo e dois centralizados. Contra os catarinenses, Anderson atuou pela esquerda e Marquinhos pela direita. Funcionou.
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Evidente que a fragilidade do adversário tem de ser considerada, mas o novo esquema, com Anderson em posição modificada, parece ter reanimado o meia. Partindo do lado do campo, encontra espaços com maior facilidade ao sair da região próxima à linha lateral e buscar o centro do gramado. Quando faz esse movimento, causa alguma indefinição nos adversários. De repente, não é mais o lateral o encarregado de marcá-lo, e, muitas vezes, há demora para a definição do novo responsável de persegui-lo.
Se, por um lado, esse novo 4-4-2 pode ser interessante para Anderson, por outro pode trazer dificuldades para os volantes. Com o meio-campo em linha, aumenta a responsabilidade de Bob e Dourado no apoio ao ataque. Anderson e Marquinhos são, claramente, os jogadores mais ofensivos do setor, mas com os meias pelos flancos há campo aberto para que os volantes subam. O 4-4-2 em linha costuma funcionar, de fato, quando munido do que os ingleses chamam de box-to-box, aquele meio-campista capaz de circular no entorno das duas áreas. Fortes no posicionamento e no passe correto, Dourado e, principalmente, Bob, não parecem ter esse perfil.
Outra questão a ser ponderada é a sucessão de mudança de modelos táticos desde o início da temporada, algo que pode ser prejudicial, especialmente para um time que não tem uma identidade bem definida. Tanto pela fragilidade do rival quanto por uma ou outra carência dessa nova formação, o resultado com boa atuação diante do Avaí tem de ser comemorado com algum comedimento. Mesmo que ajustes no posicionamento possam ser importantes, o que separa o Inter de desempenhos sólidos e regulares é a falta de uma ideia de como quer jogar e ganhar. O sistema tático, a partir daí, torna-se auxiliar.
* ZH Esportes