
O gaúcho de Santa Maria, Anderson Daronco, levava os filhos para a escola quando recebeu a notícia de que, aos 35 anos, seria o árbitro do clássico Gre-Nal do próximo domingo, às 18h30min, na Arena. Pela terceira vez na carreira de quatro anos filiado à Federação Gaúcha de Futebol, Daronco comanda o principal confronto do Estado. Seus auxiliares serão Rafael da Silva Alves e Júlio César dos Santos.
Até agora, o Inter leva vantagem no restrospecto: 2 a 0, gols de Aránguiz e Cláudio Winck, no Beira-Rio, em confronto válido pelo Brasileirão de 2014, e o empate em 0 a 0, na Arena, no jogo de ida da decisão do título gaúcho do ano passado.
Será o primeiro Gre-Nal após a saída de D'Alessandro do Inter. Ele sempre foi apontado como um jogador que "apitava" os clássicos. A ausência dele facilita para a arbitragem?
A responsabilidade é sempre a mesma. O árbitro precisa ter o respeito dos atletas e se impor com relação a isso. Sempre o que fica é a instituição. Independentemente dos jogadores em campo.
O clássico valerá por duas competições, o Gauchão e a Primeira Liga. Isso torna o jogo mais tenso.
Para a arbitragem, não afeta. Imagino que para os jogadores também se dê da mesma forma.
Se tornar um árbitro Fifa, e viver apenas da arbitragem, ajudou a melhorar a sua performance nos jogos?
Sim. Demais. Melhorou muito. Hoje, posso focar mais nos treinos e em melhorar como árbitro. Agora, a dedicação total à arbitragem. Antes, eu precisava me dividir entre dar aulas de educação física em escolas e em academias de Santa Maria, e apitar os jogos.
Você nasceu e mora em Santa Maria. Aí, a pressão pelo clássico é menor?
Imagino que a pressão seja igual, há gremistas e colorados em todos os lugares. Não vivo o clássico em Porto Alegre, talvez isso amenize um pouco, mas tenho consciência que represento a cidade, por ser árbitro Fifa. É claro que tem um ou outro que sempre extrepola os limites. Rolam algumas piadinha na escola, no mercado, em alguma loja. Mas as pessoas mantém o respeito.
Quantos jogos você já apitou nesse ano?
Foram cinco até agora. Dois pela Libertadores sub-20, no Paraguai, e três no Gauchão: Lajeadense e Brasil, Ypiranga e Juventude e Passo Fundo e Veranópolis.
É você quem monta o seu treino semanal?
Sim, monto o meu próprio treino. Mas tudo o que faço tenho que relatar à CBF e à Conmebol. Nessa semana, por exemplo, tive que modificar um pouco, pois acabei de ser escalado para o Gre-Nal. Se não tivesse o clássico no domingo, nesta quinta-feira eu faria treinos de tiros (corridas). Seriam 16 tiros de 150 metros, em 30 segundos, com 25 segundos de descanso entre eles. Depois, cinco minutos de recuperação e mais 10 a 12 tiros de 50 metros, em até nove segundos, com intervalo de 40 segundos entre os tiros.