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Esqueça a cor da camisa. A briga estúpida transmitida ao vivo como cartão de visitas na abertura da principal competição do Estado é um assunto que precisa ser tratado sem clubismo. Está além da rivalidade. Muito além. O que vimos no domingo em Veranópolis foi um retrato dos dias que vivemos, de uma sociedade que está doente. Foi chocante. Assim como são chocantes as notícias diárias de violência que nos assombram e atingem círculos cada vez mais próximos dos nossos.
Domingo, foi a torcida do Inter. Nada impede que, na próxima, seja a de outro clube. O contexto do futebol precisa trabalhar juntos mesmo que seus integrantes sejam rivais dentro de campo. O futebol é um espetáculo. E, como tal, também é um negócio. Se os clubes não cuidarem dele, logo estarão jogando com estádios vazios e para quem está diante da TV. E isso é um risco, porque a TV oferece um cardápio bem variado de alternativas e nada impede que o dono do controle remoto escolha mudar de canal para não mais ver cenas repetidas como as de domingo em Veranópolis.
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Vamos combinar. O produto oferecido, o futebol que nos entregam, está longe de ser uma maravilha. Mas há a paixão pelo clube, e essa faz o torcedor ainda seguir fiel. Mas até quando ele seguirá fiel diante de episódios como esse de domingo? E mais: será que ele arriscaria levar o filho ao estádio para transmitir-lhe essa paixão? Eu não levaria o meu.
Por isso, o episódio de domingo precisa ser visto sem as cores dos clubes.
O Inter tem de ser punido pela baderna de sua torcida. Porque tem obrigação de saber o que acontece no meio dela e quais serão seus movimentos. O clube precisa mergulhar nas entranhas de suas organizadas e descobrir o que há por trás daquela briga estúpida de Veranópolis. O passo seguinte é limpar o terreno e tomar o controle de um espaço que é seu. E do seu torcedor de bem. O que leva a família e transmite o DNA do clube.