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Um Corinthians que não brilha, mas ganhou destaque por se fechar atrás com eficiência e errar pouco. Assim é o time do técnico Fábio Carille que virá ao Beira-Rio, no primeiro jogo do confronto pela Copa do Brasil.
A força defensiva se mostra nos números: das 11 vitórias na temporada, oito foram por 1 a 0. A repetição do placar magro fez os corintianos mais otimistas lembrarem do time de 2012, comandado por Tite e célebre pelo pragmatismo.
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Veja a seguir como joga o time de Carille, que garantiu, no final de semana, seu lugar nas semifinais do Paulistão.
Zona de conforto
O Corinthians gosta de deixar a bola com seu adversário e marcar atrás. Tanto que suas melhores atuações da temporada vieram nos clássicos. É de se esperar que, em um jogo contra o Inter no Beira-Rio, Carille repita a postura.
– A curiosidade é se o adversário vai cair na armadilha, agredindo e ficando exposto eventualmente a um contra-ataque – destaca Arnaldo Ribeiro, comentarista dos canais ESPN.
O esquema é o 4-2-3-1 (diferente do 4-1-4-1 dos tempos de Tite), com forte entrega de todos os jogadores à marcação.
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A linha defensiva não se desmancha
Boa parte da consistência da equipe se deve à linha de quatro jogadores na defesa. O posicionamento de Fagner e Guilherme Arana, nas laterais, e Pablo e Balbuena, por dentro, dificilmente muda.
– A linha de quatro é muito forte. Sempre fica atrás, nunca se desorganiza. Os pontas voltam para proteger os laterais – analisa Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, do Globoesporte.com.
A recomposição dos homens de lado, que devem ser Marquinhos Gabriel e Clayton diante do Inter, garante a compactação que dificulta a tarefa de atacar pelos flancos. É uma qualidade que pode complicar um Inter que costuma confiar em suas jogadas por ali, como se viu especialmente no jogo do Beira-Rio contra o Cruzeiro-RS, em que os laterais tiveram ajuda dos atacantes e de D’Alessandro para construir tabelas envolventes.
O modelo de marcação corintiano reforça a comparação com o time montado por Tite há cerca de cinco temporadas.
– A maneira de defender é igual. O Carille, quando era auxiliar, já atentava muito para as questões defensivas e colocou isso como prioridade no início da temporada – lembra Renato Rodrigues, coordenador do DataESPN e ex-analista de desempenho do Corinthians.
Dificuldade para criar
Os problemas do Corinthians começam quando a tarefa é criar. Jadson, que é desfalque no jogo desta quarta, e Rodriguinho são os principais centros criativos da equipe, mas falta refinamento técnico para a construção de jogadas de perigo. Romero, por exemplo, é útil na marcação e tem vitalidade para chegar à frente, mas costuma falhar no momento da finalização ou do último passe. O jogador, que normalmente é escalado aberto pela esquerda, deve atuar como centroavante, já que Jô é outra ausência.
Sem o ex-jogador do Inter, aliás, o Corinthians perde um de seus movimentos ofensivos mais frequentes, já que ele costuma recuar para buscar tabelas e acionar os companheiros.
– O Corinthians tinha esta jogada com o Guerrero, mas o Jô não tem tanto recurso. Também temos de considerar que a evolução ofensiva é mais demorada, o time ainda tem dificuldades. Os movimentos defensivos são um pouco mais mecânicos – destaca Rodrigues.
Os principais jogadores
Há um consenso de que o Corinthians é competitivo por conta do conjunto, o que não apaga o destaque de alguns jogadores.
Os dois zagueiros têm sido decisivos: quando Pablo e Balbuena atuaram juntos, a equipe sofreu apenas três gols em 12 jogos.
– O Pablo elevou o nível da zaga do Corinthians em 2017. No ano passado, nenhuma dupla se firmou. Ele erra pouco – elogia Ribeiro.
Sem Jadson, que vinha se firmando após algumas atuações apagadas no retorno da China, as tarefas criativas estão entregues a Rodriguinho.
Há, também, os laterais: Fagner, jogador firmado no clube desde 2014, mantém o nível. Do outro lado, o jovem Guilherme Arana, 19 anos, tem se destacado neste início de ano.
* ZH Esportes