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Duas semanas depois de ser eliminado da Libertadores de 2015, Diego Aguirre foi demitido do Internacional. Foi uma demissão esquisita, feita às vésperas daquele que viria ser o mais desastroso Gre-Nal da nossa história recente. Aparentemente, conquistar a taça de campeão gaúcho e deixar o Inter entre os quatro melhores times do continente foi pouco. O Uruguaio foi mandado embora após oito meses de trabalho.
Com Aguirre tínhamos um time bem treinado. Escalações que faziam algum sentido. Um padrão de jogo que indicavam que algo estava sendo trabalhado durante os treinamentos da semana. Com Aguirre, tínhamos um treinador no comando do Colorado. Do dia 6 de agosto de 2015 - data de sua demissão - para cá, outros cinco treinadores passaram pela nossa casamata sem que nenhum treinador tivesse passado pela nossa casamata.
Primeiro veio Argel, que pegou o Inter no segundo turno do Brasileirão de 2015. Batemos na trave da Libertadores, acabando o certame na 5ª colocação, apenas dois pontos atrás do São Paulo. Beleza, Argel chegou, tapou o buraco e fez uma campanha digna. Ora de buscarmos algum nome de peso para a pré-temporada que se avizinha, certo? Errado.
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Fucks seguiu no Inter. Comandou a pré-temporada. Montou o elenco de acordo com as suas preferências. Chegou a ser campeão gaúcho até (naquele tempo em que qualquer coisa que fizéssemos nos rendia um campeonato gaúcho). Ninguém entendia ao certo como aquele time que não jogava absolutamente nada e vivia de cruzamentos para a área havia conseguido tão boa largada no Brasileirão. Até que a bola passou a nos punir e a nossa falta de qualidade tática se refletiu em placares adversos. Caiu Argel.
Para o lugar de um treinador "motivador", Vitorio Piffero e companhia não poderiam ter escolhido alguém mais diferente: Paulo Roberto Falcão. Ídolo máximo e eterno dos que vestem vermelho, Falcão sempre contará com o nosso apoio, independente da situação em que ele vier. Ocorre que, dessa vez, em 2016, ele sequer veio. O bola-bola pode treinar o Colorado por apenas cinco jogos. Foram 27 dias, nenhuma vitória e uma demissão.
A essa altura já desesperados por algo que nos tirasse a ameaça da degola, nos abraçamos à única alternativa que conhecemos para momentos de crise no futebol do Rio Grande do Sul: Celso Roth. Com ele, jogamos 22 jogos. Perdemos 10 e vencemos apenas seis. Com ele o rebaixamento passou de ser delírio pessimista e virou realidade.
Roth caiu faltando três rodadas para a tragédia maior. Lisca apareceu como insana alternativa à inacreditável realidade. Por óbvio, não deu certo e, hoje, jogamos na série em que jogamos.
Não se sabe ao certo o porquê, resolvemos confiar a nossa subida de divisão, o maior desafio do Inter nesta década, a Antônio Carlos Zago. Treinador sem grande experiência em clubes de ponta. Comandante sem grande currículo de feitos na casamata.
A Zago foi oferecida uma pré-temporada e um elenco que é umas oitenta e sete vezes e meia melhor do que QUALQUER UM dos adversários que ele enfrentou até aqui (excluindo-se o Gre-Nal e os jogos contra times de primeira divisão na Copa do Brasil - aliás, não vencemos nenhum desses jogos). O ex-zagueiro nada conseguiu fazer. Trabalhou aqui por meses. Treinou o Inter por meses e, mesmo contra adversários menores e escretes bastante inferiores, o Inter sequer conseguiu esboçar algum conceito de futebol, alguma ideia de jogo.
Dois anos.
Cinco treinadores.
Nenhum treinador.
Que o próximo homem a comandar o nosso Colorado não seja aposta. Não seja motivador, ídolo ou folclórico. Para o futuro técnico do meu time eu só espero uma coisa: que seja um treinador de futebol.
*ZHESPORTES