
Os placares eletrônicos do Beira-Rio apontavam 42 minutos do segundo tempo. Ridiculamente, empatávamos a segunda partida da Série B, contra o ABC do Rio Grande do Norte, em nossos domínios. Nós, que lotávamos o estádio, estávamos aflitos, nervosos, desesperados por um golzinho canalha qualquer que nos salvasse daquele resultado absurdo. Era um escanteio para nós, D'Alessandro foi para a bola e...
... escanteio curto. Para William, que, marcado, chutou em cima da zaga. A nossa chance de achar um gol salvador virava posse de bola fácil e tranquila para o ABC. Nas arquibancadas, desespero total. Raiva, algumas vaias, muitos gritos. O desespero tomava conta a medida em que o inaceitável acontecia: empatávamos, em casa, com o ABC.
O lance do escanteio curto (o que, por si só, já seria algo digno de vaias e ira) é o melhor exemplo do que o Inter apresentou na estreia do seu estádio na segunda divisão. Em campo, não tivemos vontade de vencer. Nenhuma. Nos arrastamos durante 90 minutos. Jogamos como se o gol da vitória viesse ao natural.
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Nesse sentido, fomos ainda piores do que contra o Londrina, na estreia. Ali, fizemos valer a nossa superioridade técnica desde o início. Depois que o jogo foi para o intervalo com 2 a 0, beleza, podemos nos arrastar um pouquinho aqui que nada de pior vai acontecer. Mas entrar em campo com esta mentalidade preguiçosa e ridícula é inaceitável.
Ontem éramos quase 30 mil no estádio. O clima era de festa, de celebração, de união total time e torcida. Ambiente perfeito para uma vitória sem sustos, para mais três pontos na conta e a incontestável certeza de que de fato jamais pertenceremos a divisão em que nos encontramos. No lugar disso, o que se viu foi um fiasco que não pode ser visto como "resultado normal em uma competição muito difícil", como dirigentes, Zago e os jogadores tentaram argumentar.
Dizer que o Inter é um ET na Série B não é soberba minha. É fato que se comprova quanto a gente compara elencos, estádios, folhas de pagamento, número de sócios, histórico de títulos, centros de treinamento, patrocinadores... não há estatística histórica que sequer nos aproxime dos nossos adversários de série.
Assim sendo, qualquer resultado que não seja vitória do Inter precisa ser visto como algo inaceitável. D'Alessandro, que bateu o escanteio curto, ganha mais por mês do que todo o elenco do ABC somado. Só isso já seria motivo para ler como FIASCO o resultado deste sábado.
Não espero, veja bem, que o Inter ganhe 100% dos jogos restantes na Série B. O que eu quero ver do meu time, em campo, é uma postura diferente. Que ele jogue como um clube do seu tamanho deveria jogar. Que pegue Londrina, ABC, Paysandu, seja lá quem for, e se imponha. Tática e fisicamente. Essa morosidade, essa falta de vontade tem que ser combatida. Precisa ser combatida.
Não dá para aceitar escanteio curto aos 42 do segundo tempo.
Não dá para aceitar perder pontos em casa para o ABC.
*ZHESPORTES