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– Quem acompanha meu trabalho, sabe que minhas equipes têm compactação, marcação agressiva e transição rápida de jogo. Aprendi muito na passagem do Tite aqui. Quero o controle do jogo. Buscar sempre esse controle.
A frase é de Guto Ferreira, em sua apresentação como novo técnico do Inter, e diz muito. É uma espécie de carta de intenções do que pretende fazer. Nas entrelinhas da frase, a ideia de um time que tem posse de bola e a valoriza com passes curtos e aproximação – a referência a Tite é uma pista importante desse conceito. Nas menções à compactação e marcação agressiva, um indício de que tentará fazer com que o Inter "morda" a saída de bola do adversário.
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Mas e a escalação? E o esquema tático? Guto não entrou nesse mérito, deixando espaço para alguma especulação. Por isso, ZH projeta, abaixo, algumas possíveis formações do Inter, com base na preferência do novo técnico pelo 4-2-3-1 durante a bem sucedida passagem pelo Bahia.
Uendel volante, Edenílson adiantado
Daniel Dórea, repórter do jornal A Tarde, de Salvador, disse em reportagem recente de ZH que Guto costuma adiantar um volante de origem para atuar na linha de três meias do 4-2-3-1.
Entre os volantes da formação preferencial do Inter de Zago, Dourado não tem as características necessárias para fazer a função mais adiantada. Deve, portanto, manter seu lugar à frente da área. Sobram Uendel e Edenílson.
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No cenário mostrado acima, Uendel ficaria lado a lado com Dourado. Jogador de passe qualificado, pode ser importante para garantir um início de jogada com bola no chão.
Com Edenílson adiantado, o Inter teria um "motor" para impulsionar a marcação agressiva sobre a saída de bola do adversário. A capacidade que tem para dar combate, interceptar passes e roubar a bola tende a ser útil no "abafa" sobre zagueiros e laterais.
A desvantagem dessa formação seria a troca de lado de Pottker. Ele pode atuar pela esquerda, mas parece se sentir mais confortável do outro lado do campo.
Uendel mais à frente
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Na formação acima, Edenílson é quem permanece ao lado de Dourado, como volante, e Uendel passa à posição mais adiantada.
Assim, o Inter não teria a mesma força na marcação adiantada que Edenílson pode dar, mas o "controle de jogo", mencionado por Guto, tende a ser facilitado.
Uma linha de meias com Pottker, D'Alessandro e Uendel reúne um jogador agudo, com característica de atacante, e dois com bom passe e capacidade de articulação. A parceria entre D'Ale e Uendel, os dois na mesma linha e se aproximando para tabelas, tendo ainda a possibilidade de contar com Edenílson vindo de trás, pode ser importante para valorizar a bola e trabalhá-la com paciência para criar chances.
Atacantes pelos lados
Durante a apresentação, Guto citou o período no Bahia em que adotou, segundo ele, "quase um 4-2-4". A frase deixa aberta a possibilidade de que acumule mais jogadores de características ofensivas, como na formação abaixo.
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A dificuldade desse modelo é manter o "controle de jogo" que Guto quer. Com jogadores agudos nas duas pontas, aumentaria a responsabilidade de D'Alessandro na articulação. O Inter correria o risco de se tornar ainda mais dependente de seu capitão.
Por outro lado, o time ganharia mais jogadores com capacidade de drible, algo importante para desestabilizar defesas fechadas.
* ZH Esportes