
O 11º presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Juan Ángel Napout, 56 anos, comanda o futebol da América do Sul desde o dia 5 do mês passado, depois de ser o número 2 da entidade. Ao lado do colega Eduardo Gabardo, da Radio Gaúcha, conversei durante quase 60 minutos com o dirigente paraguaio, que também é vice da Fifa e ex-presidente do Cerro Porteño.
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Acompanhe o melhor da entrevista com Napout (pronuncia-se Naput) a seguir:
O senhor fala bem português.
Os dirigentes brasileiros dizem que eu falo o idioma de vocês com sotaque catarinense (risos). Sou um pouquinho catarina. Faz 44 anos que a minha família veraneia em Santa Catarina. Meu pai morou em São Paulo, falava português, eu vou muito ao Brasil. Eu aprendi a falar português.
Parece que o senhor teria uma predileção pelo Inter nestas suas andanças brasileiras?
Você está me botando numa fria (risos). Sou muito amigo do pessoal do Inter, mas também do Grêmio. Gosto de todos.
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O que o senhor está achando da Libertadores?
Estou contente também com os times do Brasil. Todos estão bem, lotando os estádios e podem alcançar a classificação. Mas nós vamos melhorar a Libertadores.
Como?
Em termos econômicos e na organização. Vamos categorizar os estádios. Ser mais duros com a qualidade e segurança dos estádios. Estamos fazendo o ranking da Libertadores, talvez já para a próxima edição. É uma qualificação histórica dos clubes para que possamos definir os cabeças de grupo nos sorteios.
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O formato do torneio sofrerá modificações ?
Não. Com o calendário disponível, não vejo como aumentar o número de equipes. Vamos manter o sistema atual, mas, com o novo ranking, vamos distribuir melhor as equipes nos grupos. Agora, em 2015, com Corinthians, São Paulo e San Lorenzo você tem três campeões da Libertadores num mesmo grupo. Com um ranking, uma chave com esta não se repetirá.
Os clubes queixam-se dos prêmios baixos. Concorda?
Os prêmios eram três vezes menores do que são hoje. Nós começamos a discutir as cotas e as melhoramos. Os números que o Brasil espera são muito superiores aos da realidade da América do Sul. Não tem comparação. Mas posso dizer que nós vamos melhorar mais. Só não posso prometer que as premiações vão chegar aos números que o Brasil está acostumado.
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A segurança o preocupa?
Sim, com violência e racismo. Precisamos mudar. Vi algumas partidas problemáticas na Libertadores e na Sul-Americana. Hoje, temos um encarregado de segurança em cada país nos jogos, mas os estádios precisam ser qualificados. Não só o campo de jogo, mas a segurança. A nossa meta é alcançar a Fifa. A organização das partidas da Libertadores, segurança, polícia, é dos clubes. Quando você vai a um jogo da Fifa, é a entidade que cuida da organização. Nosso caminho ainda é longo.
Há planos de expandir a Libertadores? Incluir clubes dos EUA na competição?
Nós temos uma relação muito boa com o pessoal da Concacaf. A Copa América terá uma edição histórica, do seu centenário, em 2016. Com os Estados Unidos, temos o problema da distância. Mas os americanos observam a Libertadores com muita atenção.
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A Conmebol apoia o Joseph Blatter na eleição presidencial da Fifa no mês que vem?
O mais importante para nós é manter o status quo que a Conmebol alcançou. Assegurar o espaço que conseguimos na Copa do Mundo. Tivemos cinco lugares na África do Sul, passamos para seis no Mundial do Brasil. Nós vamos votar tudo em conjunto, com todos os 10 países que integram a Conmebol.
O senhor é vice-presidente da Fifa. Qual a sua preocupação com as denúncias de corrupção que atinge a entidade?
O nosso congresso (Conmebol) foi aberto com todos os números disponíveis. Em outras épocas, era fechado. Eu quero olhar o futuro na luz da esperança e que tudo vai melhorar.
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É possível sonhar com a Copa do Mundo de 2030 no Uruguai e na Argentina?
A América do Sul deveria tentar atrair mais uma Copa. A Fifa mudou o sistema de escolha do país-sede. Não é ela que decide, mas o seu congresso, formado por 209 países. Só em 2021 saberemos o local da Copa de 2030. O Uruguai, se quiser a competição, precisa começar a trabalhar logo. A Argentina não tem muita segurança nesta questão. O Uruguai quer organizar um Mundial. Precisa achar outros países que queiram dividir a Copa do Mundo com ele. Acredito que a América do Sul deve ser candidata.
A Copa América de 2019 será disputada no Brasil. Porto Alegre tem chance sediar jogos?
A cidade está tão perto do Uruguai e da Argentina e recebeu jogos de Copa, mas a decisão é da CBF e, claro, de vocês.
*ZHESPORTES