Leandro Behs
Vêm de Minas Gerais dois péssimos exemplos de como o fechamento do estádio pode interferir no caixa e nos jogos. Caso não consiga reabrir o Beira-Rio, com liminar, o Inter pode sofrer prejuízos ao quadro social e também em campo, assim como Cruzeiro e Atlético-MG sem o Mineirão e o Independência, ambos fechados para obras da Copa nas temporadas 2010 e 2011.
No Cruzeiro, é voz corrente que o clube perdeu o Brasileirão de 2010 para o Fluminense devido à falta do Mineirão. Dois pontos separaram cariocas e mineiros. Começava, ali, um drama.
- Suportamos o primeiro ano, mas depois foi muito pesado. Nos tornamos ciganos - conta Guilherme Mendes, diretor de comunicação do Cruzeiro.
No começo de 2010, o clube contava com 20 mil sócios. Um ano depois, sem o Mineirão, restaram apenas 2 mil - hoje, conseguiu recuperar mais 5 mil. Em 2011, quase foi rebaixado no Brasileirão (ficou em 16º) e teve prejuízo de R$ 38 milhões. As rendas, que antes batiam na casa do R$ 1 milhão, foram reduzidas à metade - e somente em grandes partidas.
- No ano passado, jogamos contra o Ceará, em Uberlândia, com um público de apenas 6 mil pessoas. Nosso prejuízo financeiro e técnico foi imenso - afirma Mendes.
Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético-MG, lembra que o clube perdeu pelo menos R$ 13 milhões em renda em 2011. Quase foi rebaixado.
- Jogamos o Brasileirão inteiro como visitantes. O futebol mineiro foi o grande prejudicado com a Copa até aqui - disse Maluf.
Por isso, o presidente Giovanni Luigi sequer analisa um plano B. Até esta quarta-feira, o Inter deverá recorrer à Justiça, a fim de obter a liberação do estádio, interditado para jogos na noite de sexta-feira. O dirigente não descarta conversar com o Ministério Público, que pediu a interdição, para fechar todo o anel inferior, em obras, deixando apenas a arquibancada superior e as cadeiras à disposição dos torcedores.
- Nem pensamos em jogar em outra casa. Cumprimos todas as exigências, temos uma torcida ordeira e já disputamos três jogos no Brasileirão sem problema algum - apela Luigi.
O juiz João Ricardo dos Santos Costa, da 16ª Vara Cível da Capital, responsável pela interdição, segue convicto:
- Percebi o esforço do Inter, mas não há como garantir a segurança de uma multidão de 20 mil.
O Inter tem até o começo de julho para obter a liberação do Beira-Rio. Ou precisará mudar o endereço do jogo contra o Cruzeiro, no dia 7.