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A violência da partida de futebol entre ASV Club e Tout Puissant Mazembe, no domingo, é um episódio atípico na visão do diplomata brasileiro Daniel Ferreira. Morando há três anos na República Democrática do Congo, ele conta que o futebol é o esporte mais popular, com campeonato nacional e times organizados.
Segundo o diplomata, Kinshasa é violenta como todas cidades grandes e pobres, mas as 15 mortes durante a confusão no jogo tiveram origem no descontrole da rivalidade do futebol.
- Tem sempre uma tensão. Já teve jogo suspenso, cancelado, mas nunca um problema dessa dimensão. Com morte é o primeiro que eu vi.
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Na página do Facebook do Mazembe, há informações sobre o final da partida:
"Em Kinshasa, as forças de polícia evacuaram o estádio e protegeram os jogadores da partida que estavam no centro do campo. A partida não recomeçou depois que foi marcado um escanteio para o Mazembe e o árbitro não apitou o fim da partida."
De acordo com a imprensa local, a partida foi interrompida diversas vezes porque os torcedores estavam tocando pedras no campo. Quando o juiz deu 5 minutos de acréscimos no final, as pedras começaram a voar em maior quantidade. Foi o momento em a polícia agiu, atirou bombas de gás lacrimogêneo na direção da multidão.
Em francês - a RD do Congo é uma ex-colônia da França - um torcedor comentou no site do time que as condições de segurança do estádio eram péssimas.
Dirigentes do ASV Club, que é o time de Kinshasa, argumentaram que as tensões haviam crescido depois que a equipe recebeu um "tratamento degradante" no último jogo entre as equipes em Lubumbashi, cidade do Mazembe.
O Mazembe ficou conhecido pelo público brasileiro ao vencer o Inter na semifinal do Mundial de Clubes de 2010, por 2 a 0.