Quando saiu a lista do Felipão para a última Copa, já se sabia. Não iríamos longe com aquele grupo. E o que é pior, não havia gente muito melhor que tivesse ficado de fora. Nosso maior craque, o Neymar, também não é tudo que pudéssemos sonhar.
Hoje, ele é o nosso Pelé. Pode? E onde estão os Garrinchas, Didis, Rivelinos, Zicos e Tostões de agora? Talvez estejam nas equipes sub qualquer idade por aí. E é daí que poderão vir os craques para nossas vitórias futuras.
Sem craques não se faz uma seleção. Precisamos de virtuosos especialistas, daqueles que sobravam em 58, 70 e 82. Veja que, mesmo sem ganhar, tivemos muito mais brilho na Copa da Espanha. E dizer que Falcão, Sócrates, Zico, Júnior e outros menos votados, mas bons demais, ficaram sem o caneco. Foram 24 anos sem vitória.
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Já faz a metade disso que nossa última conquista aconteceu. Outro tanto será necessário esperar? Quem sabe? O que precisa acontecer até lá? Garimparmos com afinco, estimularmos o menino que brinca de ser boleiro para que fique aqui. Uma política séria de preservação de nosso potencial.
É preciso lei para isso. O momento é agora, quando postulantes aos cargos políticos esbanjam sorrisos e simpatia na propaganda eleitoral com promessas sobre todos os temas que interessam ao povo.
Pois que se exija dessa gente uma legislação restritiva, criminalizando-se o comportamento de quem desvia para os gramados europeus os novos talentos que as escolinhas daqui ainda conseguem descobrir. O que temos hoje? Tráfico de gente! Tráfico de crianças! Ainda haverá, um dia, agentes "comprando" jogador de futebol no ventre materno.
Transferências de profissionais, sob as regras do mercado internacional do futebol? Ainda passa. O que é intolerável é profissionalizar meninos ao arrepio da legislação brasileira e mandá-los brincar nos arraiais do Barcelona ou do Chelsea.
Nossos meninos têm que alcançar a profissionalização em nosso país e só partirem para outras aventuras depois de um período mínimo, que o novo modelo legal mostraria. É o que defendo, além, é claro, de reformulações nos calendários, campeonatos e nas entidades gestoras do futebol.
Nunca houve um time de futebol com 11 craques, eu sei. Mas, pergunto-lhes: houve algum grande time, campeão, que não tivesse ao menos quatro ou cinco fora de série?
Tudo que precisamos fazer é criar o cenário e sustentar o ambiente favorável a que nossos clubes consigam gerar e manter nossos craques por aqui, proibindo-se transferências internacionais antes dos 27 ou 28 anos de idade. Hoje, é nessa faixa que eles retornam, repatriados para o fim de suas carreiras. Proponho a inversão dessa prática. Só isso.
De Fora da Área
Cláudio Brito: precisamos de craques
Nossos meninos têm que alcançar a profissionalização em nosso país e só partirem para outras aventuras depois de um período mínimo
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