Sérgio Villar
Vou fazer aqui um pedido sincero: Ronaldinho, anuncie a aposentadoria. Hoje. Talvez ele nem leia esse texto e até considere uma pretensão essa proposta. Mas creio que seja essa a decisão mais acertada para o jogador de 34 anos, um dos últimos craques em atividade nos gramados do Brasil.
O desacerto com o Palmeiras na terça-feira após fracasso de acordos financeiros pode ser visto como um sinal. Ronaldinho poderia aproveitar a "deixa" para se despedir dos gramados. Explico: o meia surgido no Estádio Olímpico não precisa passar por esse processo de "desbrilhantização". A idade, assim como para todos, chegou para o filho da dona Miguelina.
O passe de trivela já não sai com a precisão de antes. As cobranças de faltas não acertam mais o ângulo. Os dribles elásticos não tonteiam mais os adversários. É tempo de parar. Não é uma tarefa fácil. Os jogadores de futebol estão cada vez mais adiando este fim.
O Paulo Germano, o PG, repórter aqui da Zero, mergulhou no ano passado em uma matéria sobre a hora D de abandonar os campos. Entre os entrevistados estava Tulio Maravilha, o atacante que brilhou no Botafogo nos anos 1990. Atrás do sonhado gol mil na carreira (pelo menos nas contas dele), enfrentou situações constrangedoras, como viajar por barco por 14 horas pelo Rio Madeira, na Amazônia, dormindo em rede para disputar um amistoso. Tudo em busca de um golzinho a mais no currículo. Tulio não admitia parar. Não antes de cumprir sua meta - alcançada no começo deste ano, aos 45 anos. Mas Tulio precisava passar por isso?
Falo e desejo que Ronaldinho pare com a bola porque admiro Ronaldinho. Sei que posso ser trucidado por isso, mas, sim, admiro o guri da Vila Nova. Talvez por ter acompanhado de perto o dia em que o meia surgiu para mundo dando um balãozinho em um venezuelano e fazendo um golaço. Era a Copa América do Paraguai de 1999 e depois do lance fantástico, eu e o David Coimbra, que cobríamos a competição, nos olhamos, incrédulos. Ali estava um craque vestindo a camiseta número 21 da Seleção. Ronaldinho não tem nenhuma necessidade de voltar a atuar.
Seja em um time brasileiro ou algum clube americano. Iria para os Estados Unidos em busca do quê? Dinheiro. Convenhamos, ele está podre de rico. Prestígio? Tem de sobra, né! Além disso, ficaria longe do pagode, vale lembrar.
Ronaldinho, pense nisso.
Pare hoje. Convoque uma coletiva de imprensa e anuncie sua aposentadoria. Sairia por cima. Sairia aplaudido.
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