
Eterno incômodo para Grêmio e Inter, ficar sem vencer Gre-Nais por muito tempo pode custar a honra do torcedor. E dessa vez é o lado azul que carrega o fardo. Já se passaram dois anos desde que Elano marcou no Beira-Rio e deu a vitória por 1 a 0 ao Grêmio de Vanderlei Luxemburgo. Há nove clássicos, o Tricolor não derrota o Colorado.
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Mas o desgosto gremista já foi maior. Entre 17 de outubro de 1971 e 23 de julho de 1975, foram 17 partidas sem bater o rival. O tabu foi quebrado em um 3 a 1 para o Grêmio no Beira-Rio, com dois gols de Zequinha e outro contra, pelo Gauchão de 75. Integrante daquela equipe, o ex-meio-campista Iúra lembra que vencer o Inter de Falcão e Carpegiani era praticamente impossível.
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- A gente sabia que não conseguia ganhar deles. Quando jogávamos uma grande partida, o Escurinho entrava no segundo tempo e fazia um gol de cabeça. Como gremista, eu sofria duas vezes: como jogador e como torcedor. E o Inter não esperava que fizéssemos aquela partida fantástica. Foi um momento alegre para nós, porque estávamos ganhando do melhor time do Brasil. Vencer Gre-Nal é algo diferenciado - conta Iúra, 62 anos, que hoje trabalha com materiais odontológicos.
O "Passarinho" aproveita para cutucar o técnico atual do Grêmio, Luiz Felipe Scolari. Após derrotar o Vitória, Felipão afirmou que o Gre-Nal não pode ser superestimado e que "vale os mesmos três pontos".
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- Gre-Nais são momentos inesquecíveis. Luiz Felipe faz o ambiente se tornar hostil com essa declaração. O clássico vale muito mais, realmente. É o maior pecado de todos falar isso - critica.
Daniel Carvalho "surge" para o futebol em 2003
Além da crise técnica que o Inter vivia no início dos anos 2000, vencer o rival era uma tarefa que dava calafrios. De 16 de junho de 1999 a 9 de fevereiro de 2003, foram 13 clássicos que o Grêmio ficou sem perder. Mas naquele dia chuvoso de verão, há 11 anos, uma das promessas coloradas decidiu a partida para o lado vermelho no Gauchão.
Daniel Carvalho, então com 19 anos, cobrou escanteio na cabeça de Vinícius e ainda marcou um golaço de fora da área no 2 a 1 de virada do Inter em pleno Estádio Olímpico. Hoje com 31 anos, o meia abandonou os gramados e voltou para o futsal. Criou o DC Futsal, em Pelotas, e por lá ficou. Mas continua visitando o Beira-Rio com o filho em jogos do Brasileirão.
Para o ex-camisa 10 colorado, a responsabilidade daquele Gre-Nal de 2003 estava toda do outro lado. O Grêmio tinha jogadores experientes como Danrlei, Ânderson Lima, Roger e Tinga. O Inter jogava de "sangue doce", pois boa parte da equipe era composta por jovens.
- O Grêmio tinha uma equipe muito mais velha, experiente. E a nossa era uma gurizada. Entramos sem responsabilidade nenhuma. Não tínhamos muito o que perder. A gente falava a realidade: ou vamos seguir marcados pelo fato negativo, ou a gente quebra esse tabu - relembra Daniel Carvalho.
A partir daquele jogo, segundo Daniel, ele passou a ser conhecido no futebol. Foi para a Rússia e chegou à Seleção Brasileira. Mas entrar para a história do clássico tem um peso fundamental, acredita.
- Quando tu vences, sempre és lembrado. Muitas vezes estou parado na ruas e as pessoas vêm me falar daquele jogo. É um gol que marcou muita gente. Fiz uma "jogadinha de salão" e bati colocado, do jeito que gosto. (No Olímpico) Vi o pessoal se atirando, gritando, chorando. Chega a arrepiar. Saí dali e fui levar minha irmã para jantar. Não lembro o que fiz depois da minha primeira convocação para a Seleção, mas me recordo muito bem desse Gre-Nal - completa.