
Os grandes investimentos particulares de bilionários apaixonados pelo futebol - ou nem tanto - tornaram o México um paraíso do mercado alternativo do futebol. A Liga MX, primeira divisão local, transformou-se em uma competição de estrelas e, sobretudo, recheada de jogadores que se destacaram por clubes sul-americanos - uma espécie de recanto de atletas de nível secundário.
Durante 2014, nomes como Ronaldinho e Maikon Leite desembarcaram no mais setentrional dos países da América Latina. Leite, por empréstimo, está de volta ao Palmeiras. Para 2015, Rafael Sobis é a grande novidade - defenderá o tradicional Tigres. Um dos principais goleiros do Brasileirão, Tiago Volpi será colega de Ronaldinho no Querétaro - clube que viveu uma crise recente e esteve perto de fechar as portas.
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Bons nomes do mercado sul-americano, que são ouvidos com frequência em época de Libertadores, também rumaram para a Concacaf. Miguel Samudio, Jonathan Bottinelli e Edgar Benítez, por exemplo. Até jogadores com experiência em clubes menores da Europa, como Juan Arango, retornam ao continente americano. O dinheiro para contratá-los surge por investidores particulares que buscam no futebol uma forma de aumentar a relevância de seus negócios fora do esporte. Empresas de telecomunicações e emissoras de televisão estão entre eles.
- Grande parte das equipes possui uma empresa ou um empresário forte por trás. Por exemplo, a Televisa é dona do América, Atlas foi comprado pela TV Azteca, Carlos Slim (um dos homens mais ricos do mundo e que, no Brasil, controla parte das empresas Net, Claro e Embratel) está por trás do León e Pachuca, FEMSA no Monterrey. São pessoas que vêm de outras áreas e, através do futebol, encontram uma maneira de divulgação de marca. Com exceção de Pumas, Leones Negros e outros que possuem vínculos com universidades, sempre tem um grupo forte atrás. Por isso, possuem poder aquisitivo para contratar qualquer jogador de um mercado secundário - explica Pétric Moreno, especialista em futebol mexicano.
Por outro lado, paira sobre o país uma nuvem de preocupação com a fonte de alguns investimentos. As suspeitas, contudo, são de difícil comprovação. A empresa Oceanografía, de Amado Yañez, é a proprietária do Querétaro e foi investigada por desvios de dinheiro e outras irregularidades. O clube chegou a estar sob risco, mas se manteve e até cresceu no cenário local. O elenco conta com cinco brasileiros: Ronaldinho, Tiago Volpi, Camilo Sanvezzo, Danilinho e William.
- Jogadores ficaram sem receber meses e meses, a equipe mal tinha dinheiro para viajar de uma cidade para outra - completa Moreno.
O Tijuana, de ascensão meteórica, foi fundado em 2007 e conquistou o primeiro título nacional de sua história logo na estreia na elite, em 2012. No ano seguinte, disputou a Libertadores. O presidente Jorge Hank Rhon, suspeito de envolvimento com o narcotráfico, chegou a ser preso por posse ilegal de armas - posteriormente, as alegações foram retiradas e ele foi liberado. Não há provas de que houve envolvimento de dinheiro sujo com o sucesso do clube.
A tradição e a popularidade do futebol entre os mexicanos também impulsiona o esporte. Celeiro de talentos, foi campeão olímpico em 2012 ao bater o Brasil de Neymar na final. Desde 2006, apenas representantes mexicanos ganham a Liga dos Campeões da Concacaf e representam a divisão continental no Mundial de Clubes, a despeito do crescimento do futebol nos Estados Unidos.
Na Libertadores, são participações discretas. Os melhores desempenhos foram vice-campeonatos do Cruz Azul, em 2001, e do Chivas Guadalajara, em 2010. Em 2015, os representantes são Tigres, Atlas e Monarcas Morelia.
*ZHESPORTES