Maurício Reolon
O Juventude deve ter um representante na Copa Africana de Nações. A situação é inusitada, mas tem se tornado comum no futebol internacional, cada vez mais propenso as naturalizações de atletas. No caso, o jogador envolvido é o lateral-esquerdo Adriano Pereira dos Santos, de 28 anos.
Natural de Araras-SP, ele chegou alviverde ao clube durante a Série C deste ano e recebeu o convite para naturalização de um amigo. Assim como tantos outros brasileiros, passou a vestir a camisa de outro país.
O processo foi iniciado logo após o jogo contra o Mogi Mirim, que marcou a despedida do Ju da Série C. Após resolver as questões burocráticas, ele logo foi convocado para a seleção da Guiné Equatorial, Nos últimos dois meses, disputou amistosos, contra Gama-DF e o time sub-20 do Anapolina-GO, além de um torneio.
- Um amigo que mora aqui no Sul já tinha me ligado uma vez, mas estava voltando de cirurgia. Agora, numa segunda oportunidade, entraram em contato, mandaram todos documentos e me pediram para comparecer em Brasília. Lá, acertamos tudo. A partir de novembro conseguiram fazer a naturalização e fiquei à disposição da seleção - relembra o jogador.
Adriano já tem a convocatória em mãos e está praticamente confirmado na competição continental, que inicia no dia 17 de janeiro. Depende apenas da liberação do clube alviverde e de uma documentação que parte da CBF, o que deve ocorrer até o início de janeiro.
- A preparação começa no dia 3 de janeiro, em Portugal, e segue até dia 15. A estreia é contra Congo. Será a primeira vez que realmente estarei na Guiné Equatorial, que será a sede da competição - conta o jogador.
O atacante Jônatas Obina, contratado recentemente pelo Ju, também possui dupla cidadania e atuou pela Guiné Equatorial em outras oportunidades. Nos últimos dois anos, pelo menos 10 brasileiros já vestiram a camisa da seleção africana. Agora, Adriano diz que o predomínio é de espanhóis, já que o técnico Andoni Goikoetxea, ex-zagueiro do Athletic Bilbao, é daquele país.
- É uma cultura diferente. A maioria são espanhóis, nem africanos são. O futebol lá é mais rápido, nesse estilo europeu. Isso é um aprendizado para que eu possa evoluir. A liga deles ainda não é bem profissional e eles buscam essa melhoria. Por isso, levam jogadores de fora também para a seleção - aponta o jogador.
Na primeira fase da Copa Africana, que segue até o dia 28 de janeiro, a Guiné Equatorial enfrenta, além de Congo, Burkina Fasso e Gabão. As potências africanas, como Costa do Marfim, Camarões, Gana e Senegal, estão nos outros três grupos. Por isso, o primeiro objetivo é conseguir avançar para as quartas de final.
- É uma experiência única, de poder atuar contra jogadores de outros países. O objetivo é a melhora técnica, física, em todos os aspectos - finaliza Adriano.