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Delmar Bertuol: basta de "fair play"!

A implicância já começa pelo nome. Um estrangeirismo brega. Como são todos os estrangeirismos. Por que não jogo bonito? Ou atitude desportiva? Ou cortesia esportiva?

A minha implicância já começa pelo nome. Um estrangeirismo brega. Como são todos os estrangeirismos. Por que não jogo bonito? Ou atitude desportiva? Ou cortesia esportiva?

Ocorre que o fair play, do jeito que está posto, é a antítese do próprio espírito do que pretende sê-lo. Na maioria dos casos, o árbitro já avisa aos jogadores quem deve devolver a bola. Em outros, os jogadores pedem para quem está com a bola chutá-la para fora, para que o suposto lesionado que, pela expressão, parece estar agonizando, seja atendido. Na volta, o moribundo, depois do médico ter passado um spray mágico nas pernas, volta sem dor alguma. Incrível avanço da medicina.

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Ora, o fair play, pra ser mesmo um fair, ter que ser uma atitude intuitiva, voluntária, um instinto de cooperativismo classista e desportivo. Se o jogador tem alguma dúvida de que o adversário não está morrendo e que pode aguardar a bola sair ao natural para ser atendido pelo spray mágico e pelo médico milagroso, sem que isso cause sequelas para o resto de sua vida, que siga o jogo.

O Flamengo fez certo em não devolver a bola para o Sport, no jogo da segunda rodada do Brasileirão. E não fez certo somente porque o jogador do Sport levantou-se depois (mesmo sem o spray mágico ou o médico milagroso). Fez certo porque a bola foi jogada pra fora por um jogador do Sport, sem tocar em ninguém do time adversário. A bola pertencia, então, ao Flamengo. A regra á clara. Perguntem ao Arnaldo.

E as regras deviam mudar no que tange ao fair play justamente por isto, por não serem claras. Essas regras passam aos jogadores responsabilidades e decisões que eles não precisariam ter. Primeiro essa tal de bola ao chão. É errado. Acho que deveria caber ao árbitro julgar com quem estava a posse de bola antes de paralisada a partida. Uma vez recomeçado o jogo, que se cobre lateral por quem estava com a posse e nas imediações de onde estava a bola antes da pausa.

E segundo e mais importante. Deveria caber também ao árbitro julgar se o jogo deve ou não ser pausado quando algum atleta debate-se no chão com a mão levantada, clamando pelo médico. E pelo spray mágico, é claro. Se o árbitro resolver por parar para entrar a maca (pelo fiasco de alguns, eu sugeriria a ambulância), aplicar-se-ia a regra do parágrafo anterior para o reinício do jogo.

Menos fair. Mais play.

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