Na milionária sede da CBF, construção de R$ 100 milhões, na Barra da Tijuca, no Rio, o presidente Marco Polo Del Nero recebeu nesta segunda-feira à tarde os dirigentes dos grandes clubes. Antes de qualquer explanação sobre os rumos do futebol, falou que é inocente, que não ganhou dinheiro nos contratos de TV, que vai enfrentar a CPI e que pretende mudar os estatutos da sua entidade - uma das ideias é não permitir que o presidente tenha mais de oito anos de vida na cadeira número 1 da CBF.
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Del Nero, que vai ajudar José Maria Marin, preso em Zurique, ficou quase cinco horas sentado ao lado dos dirigentes. Parecia tranquilo e seguro. Mostrou confiança. Pela primeira vez desde a sua posse, em abril, aceitou ouvir, conversar, argumentar, discutir junto com todos. Portou-se menos como um presidente estilo Ricardo Teixeira, sempre nas alturas, e mais como um homem comum. A fragilidade da CBF mudou seu presidente em duas rápidas semanas.
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Del Nero notou que os clubes ainda estão profundamente divididos. Cada dirigente é uma liderança regional e tem ideais próprias. Alguns querem a formação de uma liga, outros não desejam nem discutir o tema. Um deles, desinformado, acredita que, com a liga, os clubes ficariam de fora das competições internacionais.
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No encontro, com representantes da dupla Gre-Nal, falou-se também sobre calendário, cotas de TV e a MP do futebol, que gera uma guerra aberta entre a CBF e o governo federal, com os clubes indo de um lado para o outro. Del Nero será questionado hoje na Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados, em Brasília. Falará sobre os escândalos da Fifa.
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Os dirigentes sabem da necessidade de criar uma associação forte, organizada e nacional. Algo como o extinto Clube dos 13. Desta vez, reunindo os 20 clubes da Séria A. O problema é encontrar uma pauta que agregue e solidifique os clubes em uma associação ou organização. Que discuta a fundo, por exemplo, calendário, liga, MP, cotas de TV. Os encontros mostram que ninguém consegue se concentrar nos assuntos principais. A discussão foge para temas periféricos. O bate boca aumenta e os temas urgentes não ganham a atenção devida.
*ZHESPORTES
