
A mim parece claro que Neymar é craque, não líder, e que a braçadeira tira a espontaneidade do melhor jogador da Seleção. O melhor jogador de todos os tempos não era capitão do Santos. Também na Seleção, Pelé sempre foi genial e decisivo sem precisar escolher na moedinha campo ou bola. Entendo que é preciso libertar Neymar do fardo de ser o capitão da Seleção.
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Consultei o professor gaúcho Benno Becker Júnior, presidente da Sociedade Sul-Americana de Psicologia do Esporte e ex-diretor da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte, área em que fez doutorado na Universidade de Barcelona. Por coincidência, cidade onde joga o personagem desta coluna. Conversando com um especialista, vi que não estou sozinho na visão de que Neymar terá mais a dar ao time brasileiro se não sofrer a pressão de ser o líder da equipe.
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Confira a entrevista:
Neymar tem em sua personalidade traços de liderança?
Não convivo com ele e não fiz uma sociometria (medida das percepções do grupo). Posso opinar pela atitude e conduta dele em partidas (fáceis, médias e difíceis). Não tem perfil de liderança. É vítima de treinadores que não conhecem a dinâmica de grupo. Líder real é aquele que tem qualidades de boa comunicação e facilidade de relacionamento com todo o grupo. É provável que o Neymar não seria escolhido na sociometria.
É lógico dizer que Neymar, por seu jeito de ser, poderia render mais se ficasse livre das amarras da braçadeira de capitão?
É também minha opinião que ele gasta energia psicofísica e social exagerada no cargo de capitão. Como ele é o jogador mais caçado pelos armadores e defensores adversário, tem reações de ansiedade e raiva (esse é o pior fator). Frente à raiva incrementada, há um estreitamento da consciência e emergem as reações inconscientes de agressão, de egoísmo puro. Esse é o momento em que aparece o líder real, que pensa no grupo, no time.
De longe, pela sua observação, quem poderia assumir de capitão na Seleção em lugar de Neymar?
Por coerência, diria, outra vez, que devem fazer uma sociometria, que informará sobre a percepção e sentimentos do grupo em relação a liderança. Com o resultado da sociometria, há que somar a observação da comissão técnica, da prática nos momentos de pressão. Um bom armador tem que se relacionar tecnicamente com seus colegas e está, em geral, mais próximo do árbitro. Esse seria uma boa escolha pela posição geográfica.
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