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Há 11 anos o Rio Grande do Sul não contava com pelo menos três representantes na Superliga de vôlei masculino. Com 12 equipes, a principal competição de clubes no Brasil começa neste sábado, com um time a ser batido: o Sada Cruzeiro, atual bicampeão nacional que recentemente conquistou o título mundial. Com a participação de oito medalhistas olímpicos - entre eles o ponteiro Samuel (prata em Pequim 2008), da Voleisul/Paquetá Esportes -, a Superliga se estenderá até abril, com decisão em jogo único.
ZH conversou com os técnicos dos três times do Estados, todos eles também gaúchos. Campeão gaúcho em sua primeira temporada no Lebes/Gedore/Canoas, Marcelo Fronckowiak, 47 anos, tem sete títulos nacionais no currículo (cinco como jogador e dois como técnico). Vice-campeão estadual, o Bento Vôlei/Isabela aposta no carisma de Paulão, 51 anos, em sua volta à elite do vôlei depois de seis anos. Já a Voleisul conta com a experiência de Paulo Roese, 52 anos, em sua terceira temporada no clube de Novo Hamburgo.
Marcelo Fronckowiak
Técnico do Lebes/Gedore/Canoas
Matheus Beck/Lebes/Gedore/Canoas, divulgação
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"Temos de pensar nos playoffs"
Todos os jogadores do grupo foram aproveitados na decisão do Estadual. Isso é um trunfo para o Canoas na Superliga?
Sem dúvida. Tínhamos de apostar numa mescla: a manutenção de jogadores experientes, como o Dennis, a busca de um levantador de nome, que é o Sandro, ao lado do Evandro, e apostar em jovens talentos, até porque o nosso orçamento não permite grandes arroubos de contratações. Esses jovens precisam de tempo.
Até onde o Canoas pode chegar na Superliga? Qual é a meta do time?
Temos de pensar nos playoffs, no primeiro momento. Não podemos sonhar, tentar dar um passo maior do que as pernas e cair nessa armadilha. Nós apenas ganhamos o Campeonato Gaúcho. Vamos ter muitas dificuldades, inclusive contra os times locais, na Superliga. Colocaria o Canoas num grupo intermediário, na busca pelo playoffs, que ficaria entre sexto e oitavos lugares. Imagina conseguir um quinto lugar ou um lugar nas semifinais, isso seria uma coisa maravilhosa, que vai mostrar que o Rio Grande do Sul continua produzindo um voleibol de alto nível.
Como você avalia o estágio do vôlei gaúcho, com três times na Superliga?
Se a gente continuar nessa balada, em quatro anos teremos uma equipe gaúcha disputando título. Temos material humano, um campeonato regional forte. Hoje a gente sente Canoas apaixonada pelo vôlei, Bento apaixonado, Novo Hamburgo também. Vários atletas de fora estão vindo para cá. Mas é preciso dizer: depende de investimento.
Paulão
Técnico do Bento Vôlei/Isabela
Roni Rigon/Agência RBS
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"A torcida é o nosso trunfo"
Até onde o Bento pode chegar na Superliga? Qual é a meta do time?
É fundamental chegar aos playoffs. Esse ano a Superliga está muito equilibrada, com uma equipe a ser batida, que é o Sada Cruzeiro, que vem ganhando sempre e de todo mundo. Mas as outras equipes são fortes também. As três equipes do Sul vão se apresentar muito bem. Mas onde vamos chegar, é uma incógnita. Vai ser pegado. Chegando aos playoffs, tudo pode acontecer.
Quais são os trunfos do Bento? O que é preciso melhorar?
Sem dúvida a torcida. O envolvimento da galera é muito forte aqui em Bento. Temos um grupo experiente, com dois atletas bem rodadas, que é o Marlon e o Rivaldo, são atletas consagradíssimos, Temponi, o próprio Ocampo, um atleta internacional que já percorreu o mundo jogando. Esse atletas são a base da nossa equipe.
O Bento vai estrear contra o Taubaté, time de seu filho, Pedro Henrique. Como você está lidando com essa situação?
Não sei, cara... Vai ser a primeira vez que vou enfrentá-lo. A única coisa que disse para ele, quando vi a tabela de jogos, foi o seguinte: "A partir de hoje, não nos falamos mais (risos)." Mas vai ser tranquilo, uma experiência bem diferente. Ele sabe que eu desejo toda a sorte do mundo para ele.
Paulo Roese
Técnico da Voleisul/Paquetá Esportes
Daniel Nunes/Voleisul/Paquetá Esportes, divulgação
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"Nenhum gaúcho vai ser saco de pancada"
O que a campanha no Estadual deixou de lições?
Quando entramos no Estadual, sabíamos que seria a competição mais forte dos últimos anos. Os resultados mostraram isso. O Rio Grande do Sul tem três times fortes para disputar a Superliga. Nenhum gaúcho vai ser saco de pancada, pode ter certeza disso. Ficou uma lição muito grande: nesses tipos de jogo tão equilibrados, não podemos dar chance para o azar.
Até onde a Voleisul pode chegar na Superliga? Qual é a meta do time?
Da mesma forma como no Gauchão, a Superliga também será a muito dura, com muitas surpresas ao longo da competição. Há uma equipe a ser batida, que está dois degraus acima, o Sada. Depois, um degrau acima, vem Taubaté, Campinas e Sesi, que são equipes com investimentos muito acima das demais. Do quarto para o 12°, vai ser uma loucura, vai ser um perde-e-ganha muito grande. O nosso objetivo é chegar aos playoffs, pelo menos em sétimo (na fase de classificação), para fugir do Sada (no cruzamento das quartas de final).
Quais são os trunfos da Voleisul? O que é preciso melhorar?
É uma equipe muito forte fisicamente. Dos seis atletas, a não ser o levantador, todos têm mais de 2m. Temos uma equipe fortíssima no bloqueio, com um inside out muito forte. Sempre falo que, em esportes coletivos, não adianta ter o melhor time, mas é preciso ter um grupo. Ser amigo fora da quadra e principalmente dentro dela, nos momentos difíceis. A gente está perto de formar essa base.
*ZHESPORTES