
O príncipe jordaniano Ali bin al Hussein, um dos cinco candidatos à presidência da Fifa, apelou ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para pedir o adiamento das eleições previstas para sexta-feira, anunciaram seus advogados franceses à AFP.
O recurso foi motivado pelo fato de que "a Fifa se opôs à petição de procedimento acelerado" do príncipe Ali para a instalação de cabines de votação transparentes, afirma um comunicado divulgado pelos advogados parisienses Francis Szpiner e Renaud Semerdjian.
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O adiamento da eleição foi pedido por meio de uma "medida provisória de emergência", para dar tempo de tomar uma decisão sobre as tais cabines.
– A decisão sobre esse pedido de medida provisória será tomada no mais tardar até a manhã de quinta-feira – véspera de eleição, informou o TAS pouco depois do jordaniano apresentar seu recurso.
De acordo com os advogados de Ali, a Fifa se opôs ao procedimento acelerado "para que estas questões não possam ser discutidas antes de 26 de fevereiro", data prevista para a votação.
O candidato jordaniano já havia solicitado na segunda-feira a instalação das cabines transparentes ao TAS, a principal jurisdição desportiva, com sede na cidade suíça de Lausanne.
– Apenas uma cabine transparente pode provar que não há voto forçado, impedindo os votantes de fotografar as cédulas para provar que seguiram eventuais instruções – já havia explicado Semerdjian à AFP no sábado, depois do primeiro recurso apresentado diante do TAS.
–Ao invés de aceitar a proposta do príncipe Ali de disponibilizar cabines transparentes, constatamos que a Fifa não faz mais que um simples pedidos aos eleitores para que deixem (os telefones celulares) no momento em que vão votar – denunciaram os advogados.
–Esta atitude é incompreensível, exceto se desejam obstinar-se em não garantir a transparência das operações de votação e a sinceridade do escrutínio – acrescentaram.
Nas eleições de sexta-feira, representantes das 209 federações nacionais que integram a Fifa devem escolher o sucessor do suíço Joseph Blatter, presidente demissionário, que ocupa o cargo desde 1998.
Abalada por um grande escândalo de corrupção desde maio do ano passado, a Fifa escolherá seu novo presidente entre cinco candidatos: o príncipe Ali, o suíço-italiano Gianni Infantino (secretário-geral da Uefa), o xeque bareinita Salman Bin Ebrahim Al Khalifa (presidente da Confederação Asiática de Futebol), o empresário sul-africano e militante antiapartheid Tokyo Sexwale e o francês Jérôme Champagne (ex-secretário-geral adjunto da Fifa).
Biografia de BlatterNa eleição anterior, no dia 29 de maio, Ali tinha levado Blatter ao segundo turno ao conseguir 73 votos, contra 133 do suíço, antes de se retirar da disputa.
Blatter acabou colocando o mandato à disposição apenas quatro dias depois, diante da pressão enfrentada por conta do mega-escândalo de corrupção que abala a Fifa, e novas eleições foram convocadas.
A não ser que o TAS dê razão ao jordaniano, o desfecho será conhecido nesta sexta-feira.
O recurso soa como a última cartada de Ali, que é longe de ser favorito da eleição.
O pleito se encaminha para uma disputa acirrada entre Infantino, que tem apoio da Europa, da América do Sul e parte da América do Norte, e Salman, que conta com apoio de boa parte das nações asiáticas e africanas.
Qualquer que seja o vencedor, ele deve receber de presente a biografia autorizada de Blatter, da autoria de Thomas Renggli, ex-porta-voz do cartola, que será publicada em março em alemão, com versão inglesa prevista para sair em junho.
O livro se chama "Missão futebol", anunciou o editor nesta terça-feira, além de revelar que "Enggli possui informações muito pessoais sobre a vida de Sepp Blatter", que completará 80 anos no dia 10 de março.
O novo presidente terá a dura missão de resgatar a credibilidade de uma instituição abalada pelos escândalos recentes. De acordo com uma pesquisa da ONG Transparência Internacional, 69% dos fãs de futebol dizem não ter nenhuma confiança na Fifa.
A pesquisa foi realizada com 25.000 torcedores de 28 países. Além disso, 60% dos entrevistados não se identificam com nenhum dos cinco candidatos que disputam o cargo.
*AFP