
O empate injusto da Seleção Brasileira com o Uruguai em 2 a 2 (o time de Suárez merecia melhor sorte) mostrou bem o estágio do trabalho desenvolvido até agora pela comissão técnica. Não se pode condenar as vaias da torcida. Os pernambucanos esperaram o jogo terminar para se manifestar.
Na frente, quando estão inspirados, os atacantes resolvem. William e Douglas Costa caíram de rendimento na segunda etapa, mas foram decisivos nos gol brasileiros. Mesmo Neymar, que joga mais do que jogou em Recife, não fez má partida. Não dá para exigir que ele acabe com o jogo sempre.
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O problema é do meio para trás. A contribuição de Luiz Gustavo e Fernandinho no giro da bola é medíocre. Falta-lhes qualidade para se projetarem à frente, somando-se ao trio de ataque. Dunga recuou Renato Augusto e adiantou Fernandinho para a linha de três atrás de Neymar. Obviamente, teve de rever planos. Não tinha como dar certo.
Filipe Luís não tem condições de vestir a camisa da Seleção. É comum demais. Ele e David Luiz, pelo lado esquerdo de defesa, comprometeram.
No primeiro gol, Filipe Luis é encoberto de forma inexplicável no cabeceio. Depois, David Luiz faz a leitura errada do lance e não vê Cavani solto. Corre para o lugar nenhum. No empate uruguaio, novamente David Luiz come mosca e não percebe Suárez se antecipando. Nem olha para trás para ver o que se passa. Quando se dá conta, Suarez já tinha tomado à frente.
A Seleção não tem repertório ofensivo. É óbvia demais. A troca de passes pela faixa central é lenta e não prepara a jogada final. Dunga não consegue aplicar contraveneno. Na segunda etapa, o técnico Oscar Tabárez posicionou o atacante do Barcelona entre Miranda e Daniel Alves com mais ênfase do que nos 45 minutos iniciais. Foi um terror. Virou avenida. Em nenhum momento houve cobertura adequada providenciada pela casamata. Miranda, sozinho, tentava parar Suárez
, agarrando, chutando e estapeando.
As substituições não surtiram efeito. Pioraram a equipe. Nem recolocar Neymar pela esquerda, como ele atua no Barça, ajudou. Retirar Douglas Costa foi um erro. Ele não estava bem no segundo tempo, mas uma equipe precisa de profundidade. Quando William saiu, o Uruguai se agrupou com ainda mais facilidade, pois Phillipe Coutinho e Lucas Lima naturalmente entram por dentro. Ricardo Oliveira, no lugar de William, nem tocou na bola. Não fossem as defesas de Alisson na parte final da segunda etapa, sei não.
A pergunta é: nome por nome, o Uruguai é melhor do que a Seleção, a ponto de tomar conta do jogo como se viu em Recife?
*ZHESPORTES