Se vivesse no nosso tempo, o Barão de Coubertin seria uma destas personalidades midiáticas, com milhares de seguidores em seus perfis nas redes sociais.
Nascido em uma aristocrática família francesa, Pierre de Frédy ficou conhecido mesmo pelo título de nobreza associado automaticamente aos Jogos Olímpicos da Era Moderna, porque ele os idealizou e não sossegou enquanto não realizou a primeira edição no verão grego de 1896.
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Sagaz e cheio de conexões – exatamente como são os influenciadores on ou offline de hoje –, o barão, que também era multitarefa, pois tinha formação em Pedagogia e História, identificou na frase de um amigo pastor as palavras em latim que seriam imortalizadas como lema olímpico: "Citius, Altius, Fortius".
Ao longo destes 122 anos, "Mais rápido, mais alto e mais forte" inspiram e impelem – e, às vezes, também se convertem em obsessão, é verdade – atletas rumo ao olimpo do pódio.
E, nós, mesmo que o mais próximo da Olimpíada do Rio que estaremos seja a tela da TV, do smartphone ou do tablet, também somos movidos pelo "Citius, Altius, Fortius". A necessidade premente de rapidez, da instantaneidade do online permeia ações e relações. Se a gente não é rápido em tudo e sempre, somos uns atrasados – uns Pedro Bó, como se dizia lá no Interior em priscas eras. E, claro, precisamos demonstrar fortaleza, transformar "crise em crie" praticamente nos 30 dias de cada mês. Haja terapia para manter a musculatura pronta para o diário tiro de 100m rasos.
A medalha de ouro para pessoas ordinárias como nós – as que acompanham as disputas das arquibancadas ou por meio das telas – é encontrar o equilíbrio. Ser veloz (ou seria sensível?) para perceber e antecipar o desejo de uma pessoa querida ou exercitar a força do bom senso em uma argumentação diante da equipe de trabalho são atributos muito valiosos. Significam as pequenas vitórias do cotidiano, que fazem a gente e aqueles de quem gostamos sorrirem. Ok, não é fácil, senão ninguém precisaria de terapeuta ou de coach.
Porém, temos mais do que ciclos olímpicos a cada quatro anos. Temos todos os dias para (re)começar o treinamento e perseguir o nosso pódio particular. Torço, sinceramente, para uma medalha coletiva, construída em coworking. O mundo estaria melhor, e o barão, com certeza, iria conceder os almejados louros dos vencedores.