
Conhecemos Tite desde 2000, quando levou o Caxias ao título gaúcho e, seis meses depoiis, chegou ao Grêmio. O técnico que vimos nesta segunda-feira, na apresentação na CBF, foi Tite na essência. Em cerca de 35 minutos de entrevistas, ele esteve de peito aberto. Não deixou ninguém sem resposta. A primeira pergunta foi um petarde: como ele, que havia assinado um manifesto contra Marco Polo del Nero há seis meses agora era empregado dele? A resposta foi clara: seus princípios de transparência e democratização do futebol brasileiro permaneciam intocados. Mais, assumir a Seleção significa dar sua contribuição para trazer as ideias que defende – em outras palavras, e essas são minhas, oxigenar a CBF.
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Tite não ficou apenas no discurso no que se trata de transparência e democratização. Na própria entrevista, ele fez uso dessas ferramentas imprescindíveis em qualquer setor da vida. Ao perceber que um repórter dava voltas para questioná-lo sobre o conflito cm del Nero, ele tomou a palavra: "Pode perguntar, sem constrangimento. Estou aqui para responder a vocês de forma aberta".
Mesmo com as perguntas mais espinhosas, Tite nunca perdeu o sorriso. Estava um pouco tenso no início, é verdade (ele mesmo admitiu), mas depois foi o Tite que nós conhecemos, autêntico ("É perfil ou perfis", indagou em determinado momento), emotivo e transparente.
Sobre a sua Seleção, mostrou que sua chegada traz oxigênio ao ambiente. Thiago Silva e Marcelo, escanteados por Dunga, voltarão a ser considerados. Indagado sobre Neymar e seus rompantes de menino mimado, saiu pela tangente, mas deixou o recado: futebol é um esporte coletivo, exige senso de equipe. Em relação ao time que veremos já a partir de 2 de setembro, contra o Equador, pretende um futebol dinâmico, acelerado e, mais importante, em um esquema que se encaixe com que os jogadores podem oferecer.
Nesta terça-feira, Tite embarca para os EUA para assistir a Colômbia x Argentina. Os colombianos são nossos adversários no dia 6 de setembro, em Manaus. Será a primeira missão do novo técnico. Mas ele já deu as caras na primeira entrevista. E foi o Tite que nós conhecemos, na essência.