
Como seria um campeonato com Pelé, Maradona e Messi no auge da forma? Para os fãs de tênis, esse exercício de imaginação faz todo o sentido. Há mais de uma década, um trio de ouro acumula recordes nas quadras, impulsionado a popularidade da modalidade em todos os cantos do planeta.
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Estudiosos sugerem distanciamento histórico para uma avaliação equilibrada do verdadeiro impacto de fatos e/ou personagens nos acontecimentos. Só que existem exceções a esse mandamento. Acompanhar os feitos de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, por exemplo, é ter a certeza de que a História do esporte está sendo escrita com H maiúsculo. Não é precipitado afirmar que somos privilegiadas testemunhas da maior geração da história do tênis.
Escolher os melhores entre os melhores costuma ser uma tarefa ingrata e injusta. Se Rod Laver, Bjorn Borg e Pete Sampras fossem contemporâneos, haveria boa margem para dúvidas. Mas o australiano, o sueco e o americano, três gênios das raquetes, despontaram em épocas distintas.
Já o suíço, o espanhol e o sérvio, separados por apenas cinco anos entre os nascimentos do mais velho e do mais jovem, mandam no circuito masculino desde 2 de fevereiro de 2004. Nos últimos 12 anos e quatro meses – ou exatas 641 semanas, para adotar a unidade de tempo padrão da ATP –, o posto de número 1 do mundo ou pertenceu a Federer, ou esteve nas mãos de Nadal, ou foi tomado por Djokovic – e por ninguém mais. Para efeito de comparação: em toda a década 1990, dominada por Sampras, outros 10 tenistas lideram o ranking mundial.
A lista das façanhas desses três supertenistas não caberia nesse espaço. Fiquemos, portanto, com apenas um dado que eleva o trio a um patamar inédito na história do tênis. Com o título conquistado por Djoko em Paris no último domingo, pela primeira vez nas eras amadora e profissional (desde 1968) três tenistas em atividade exibem em suas estantes os troféus de Roland Garros, Wimbledon e Abertos da Austrália e dos EUA, os quatro principais torneios do circuito.
Maior campeão de Grand Slams (17 títulos) e tenista que mais tempo ficou no topo do ranking (302 semanas), o elegante Federer é uma espécie de Seleção de 1982 que levanta canecos. Primeiro homem a conquistar nove títulos de um mesmo Grand Slam (Roland Garros), o combativo Nadal lembra uma Seleção de 1994 que também dá espetáculo. Já o múltiplo Djokovic, ao lado de Laver o único profissional a deter simultaneamente todos os quatro grandes títulos, simboliza a laranja mecânica de 1974: ao se defender e atacar com eficiência singular, parece ocupar todos os espaços da quadra.
Sorte nossa que teremos a chance de ver de perto esse trio espetacular em ação, nas quadras do Rio 2016, em agosto.
*ZHESPORTES