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Precisamos parar de achar que defender mais do que atacar significa não jogar futebol. É um erro grave. Nos últimos anos, a Seleção Brasileira colecionou fracassos.
Acostumados a chegar a finais de Libertadores, os times brasileiros já estão há duas temporadas sem disputar o título da maior competição de clubes do continente. Os problemas do nosso futebol não podem ser atribuídos a somente uma instituição, muito menos a uma única pessoa.
É possível, porém, abordar o tema tendo em vista o trabalho de um grupo que traz consigo parte da responsabilidade: a crítica especializada. Não são todos, é claro, mas alguns, às vezes, falam de tudo, menos da movimentação dentro do campo. Quem mais erra é quem usa a frase “não jogou, só se defendeu”, limitando o esporte às ações ofensivas, esquecendo-se que muitas equipes chegaram a conquistas priorizando o seu sistema defensivo.
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A derrota de Zico e companhia em 1982 é uma prova disso. Goleou, encantou, mas como não soube marcar, caiu fora. A Itália de 2006, que tinha um sisudo meio de campo e apostava em bolas paradas, superou, na decisão, a ofensiva França de Ribery, Henry e Zidane. Para alguns cronistas, a campeã do Mundo de 2006 não praticou futebol, pois preferiu defender a atacar. O que diriam os comentaristas daqui se a nossa Seleção jogasse como aquela vitoriosa Azzurra?
Ser livre para escolher a estratégia do seu time é um direito de todos os técnicos da Terra, menos os do país que ainda acredita, erroneamente, ser o berço dos melhores futebolistas. Quando qualquer time grande daqui segura um 0 a 0 contra um clube de menor expressão, a atitude é considerada um pecado cuja pena é ser sistematicamente achincalhado nas resenhas. Bastava um empate contra o organizado Peru de Gareca para que os comandados de Dunga avançassem na última Copa América, mas apegar-se ao pontinho necessário é simplesmente proibido. É contra uma lei sustentada por arrogância e prepotência.
A CBF é um desastre, e não temos muitos grandes jogadores, mas se os analistas enxergarem todos os aspectos do esporte, e não apenas alguns, já será um passo para chegarmos a 2018 em melhores condições. E para que Tite tenha tranquilidade para montar sua escrete, seja com um ferrolho formado por três zagueiros e três volantes ou com quatro atacantes.
*ZHESPORTES