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Polêmica sem fim

Surfistas e comentaristas da WSL discordam de nota e apoiam Medina

Com a eliminação, o brasileiro perdeu a chance de tirar a liderança de John John Florence

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Após ouvir sua nota, Medina aplaude ironicamente o julgamento dos juízes da WSL

A bateria polêmica envolvendo Gabriel Medina e o americano Tanner Gudauskas no último sábado, na etapa de Trestles, ainda renderá longos e calorosos debates. Não foi a primeira vez que os brasileiros deixaram o mar indignados com o julgamento dos juízes da Liga Mundial de Surfe (WSL). Mas, desta vez, a injustiça contra o surfista de Maresias foi percebida de forma unânime por outros atletas do circuito e por comentaristas da própria entidade.

A revolta foi geral pois o resultado impacta, diretamente, na briga pelo título do campeonato. Com a eliminação, Medina perdeu a chance de tirar a liderança do havaiano John John Florence, que também foi eliminado no round 3.

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Durante a transmissão online do site oficial da WSL, o australiano Barton Lynch não poupou críticas. O embaixador da patrocinadora do evento em Trestles e convidado para comentar a disputada, não escondeu sua surpresa quando o 8.30 foi anunciado pelos juízes – sendo que Medina precisava de um 8.34 para virar a bateria.

– Como assim? – indagou incrédulo. O comentarista havaiano Ross Williams fez coro com Lynch.

– Eu compartilho o seu choque, Barton. Honestamente, achei que essa onda merecia, no mínimo, um 9 – ressaltou Ross.

O debate prosseguiu ao final da transmissão. O apresentador americano Peter Mel não ficou em cima do muro.

– Eu achei que aquela onda fosse suficiente para Gabriel virar a bateria. Claro que cada um tem sua opinião, mas na minha visão, Gabriel levou essa. Achei que foi na casa dos nove – disse Peter.

SURFISTAS APOIAM GABRIEL MEDINA

Dentro do circuito, muitos surfistas ficaram ao lado do brasileiro. Entre eles, o australiano tricampeão mundial Mick Fanning deu sua opinião sobre a polêmica.

– Quando ele pegou aquela última onda eu sinceramente achei que ele tinha conseguido a nota. Na primeira vez que vi achei que seria um nove, nove alto. Quando assisti novamente, pensei: foi um 9.6. Eles viram diferente. Sei lá. Não dá para explicar – disse Fanning em entrevista ao GloboEsporte.com.

O taitiano Michel Bourez também falou sobre a eliminação de Medina em sua conta oficial no Facebook.

– Demorei um pouco para colocar essa foto porque eu sei que as pessoas querem falar sobre isso: a bateria de Medina. Nenhum desrespeito com Tanner, mas sinceramente eu acho que ele conseguiu a nota que precisava no fim. Sei que a tarefa dos juízes não é fácil, mas acredito que a onda de Gabriel foi excelente. Essa é a minha opinião – escreveu.

Outro forte concorrente ao título da temporada, o australiano Julian Wilson, também usou as redes sociais para desabafar sobre os julgamentos dos árbitros da WSL.

– Quando há noites sem dormir, incontáveis horas de preparação e duras lições aprendidas com decepções do passado, é difícil não se sentir frustrado quando não se é recompensado em momentos-chaves como este. Talvez seja hora de descobrir o que os juízes veem e entendem como bom surfe, em comparação com o que os melhores surfistas do mundo veem e entendem como bom surfe, se é que isso poderia ser diferente – escreveu o surfista em sua conta oficial no Instagram, marcando Medina no post.

Indo além, Julian também comentou em um post da própria WSL, dando a seguinte sugestão:

– Os juízes precisam assumir alguma responsabilidade pelas notas deles nos últimos dois dias. Talvez seja a hora de colocarem eles sob o microscópio, assim como eles fazem com a gente.

No Brasil, os surfistas não deixaram de opinar e apoiar Gabriel Medina. A crítica mais forte partiu do big rider Pedro Scooby. Em um post no Instagram, o atleta afirmou que o julgamento foi um "roubo descarado".

ENTENDA A POLÊMICA BATERIA DE MEDINA

O surfista brasileiro de Maresias foi eliminado no round 3 da etapa de Trestles, nos Estados Unidos, pelo convidado local Tanner Gudauskas por 17.34 a 17.13 pontos.

Faltando oito minutos para o fim da bateria, precisando de um 8.34 para virar o confronto, Gabriel achou uma longa direita e realizou diversas batidas de backside. Comparada com a primeira onda de Medina na bateria (8.83) e com a última onda de Tanner (8.40), era visível que a onda do brasileiro havia sido melhor. Especialistas, surfistas e a torcida dava a virada como certa, porém os juízes deram apenas uma nota 8.30.

Antes mesmo de sair do mar, o campeão mundial de surfe de 2014 ironizou a decisão dos jurados e começou a aplaudir os cinco avaliadores após ouvir a nota. Decepcionado, Medina ainda tentou surfar mais duas ondas, mas caiu e acabou derrotado. A vitória era fundamental na briga pelo título mundial.

O brasileiro saiu do local do campeonato rapidamente, sem dar declarações.

Confira a onda polêmica do brasileiro aos 5:22 de vídeo:

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