
Confesso: neste último domingo desejei ser argentina. Desejei até mesmo entoar o hino da azul celeste, e acredito que esta tenha sido a primeira vez que vibrei junto com Maradona. E como. Não em um estádio de futebol, ou pelo futebol. Vibrei com a conquista histórica e heroica dos hermanos na final da Copa Davis, em Zagreb, na Croácia, diante da equipe local.
Verdade seja dita, nem parecia a Croácia. Para o desavisados, mais parecia Buenos Aires diante da "hinchada", dos cânticos e das camisas azuis e brancas em punho, rodopiando. Não estava lá, mas queria.
Em quatro oportunidades a Argentina bateu na trave. Na quinta a consagração chegou, e da maneira mais bonita. Na Era Del Potro.
Não cogitava outro resultado se não a vitória argentina devido a ele: Juan Martín Del Potro. Aos 28 anos, o natural de Tandil, teve seu "año increíble" coroado com o título que por muito tempo deixou um gostinho amargo na boca dos argentinos. Faltava.
Delpo, como é carinhosamente conhecido, é talvez o jogador que mais mereça terminar a temporada presenteando seu país. Nos últimos dois anos, Del Potro sofreu com três cirurgias no punho esquerdo e cogitou até mesmo se aposentar. Que bom que não o fez.
O retorno sobrenatural do argentino iniciou nos Jogos Olímpicos, em agosto. Foi no Centro Olímpico, que o tênis mundial começou a se render ao atleta. Na estreia, Delpo eliminou o favoritíssimo Novak Djokovic e só foi parar ao chegar na decisão, quando acabou perdendo para o britânico Andy Murray. Uma prata com gostinho de ouro. Do pódio, ouviu seu nome ser entoado e aclamado por mais de 10 mil torcedores. Atitude que, por sinal, foi rotina em todas as partidas até ali.
– Choro todas as noites. É difícil controlar a emoção – afirmou durante o torneio. E não é pra menos.
Após, no US Open, não chegou à final. Mas novamente foi ovacionado pela torcida, mesmo perdendo o jogo para o suíço Stan Wawrinka. Chorou, de novo.
Na semifinal da Davis, contra britânicos, atuais campeões, deu o troco. Venceu Murray liderando a Argentina na vitória também fora de casa. Sendo mais uma vez aclamado pela torcida.
Neste domingo, quando tudo parecia perdido, venceu de virada uma batalha de cinco horas diante do croata Marin Cilic. CINCO HORAS. Este foi o jogo decisivo para que a Argentina levasse o título. Após, agradeceu emocionado:
– Obrigado por não me deixarem desistir.
Foi Del Potro que fez com que eu desejasse ser argentina neste domingo. E que belo dia para ser argentina.
*ZHESPORTES