
Entre os sobreviventes do acidente com o avião da Chapecoense, o jogador Jackson Follmann é o caso mais preocupante. O gaúcho, que teve a perna direita amputada, passa por uma nova cirurgia na tarde desta quinta-feira.
A decisão sobre o novo procedimento foi tomada pela junta médica para analisar a evolução no local das lesões do membro retirado e os ferimentos na perna e no pé esquerdo. Em entrevista a Zero Hora, o diretor médico do Hospital San Vicente Fundación, de Río Negro, Ferney Alexander Rodríguez, responsável pelo caso, disse estar otimista com relação ao paciente.
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Leia os principais trechos da conversa:
Qual a situação do Folmann?
Folmann é um jogador de 24 anos. Chegou aqui na terça de madrugada em uma situação muito crítica, com sua mobilidade comprometida, com muita hipotermia, com politraumatismos devido ao acidente. Imediatamente, o levamos a cirurgia, com nosso grupo de especialistas. Nessa cirurgia, devido ao grau da lesão na perna direita, teve de ser amputada. Após essa amputação, fez-se uma avaliação inicial de outras lesões e o passamos para a Unidade de Cuidados Intensivos, buscando a estabilização clínica dele.
Que outras lesões ele tem?
Nas primeiras 48 horas o que fizemos foi estabilizar seu estado geral. Ele tem outros ferimentos, sobretudo osteomusculares na perna esquerda. Por isso, tentamos conseguir nas 48 horas seguintes um pouco mais de estabilidade. Ele será submetido hoje a uma nova cirurgia para que seja feita uma revisão do estado da amputação da perna direita, para vermos como estão as outras lesões e definirmos que outros procedimentos são necessários.
É uma cirurgia complexa? Quanto tempo durará?
É difícil dizer o tempo de duração e a complexidade. Isso vai depender muito da situação.
Já se pode dizer que há um quadro de evolução?
Ele continua numa condição muito crítica, mas está um pouco mais estável. Está tendo sinais de uma evolução positiva.
O senhor tem visto pessoalmente o atleta?
Sim, eu tenho acompanhado.
Ele está acordado ou sedado?
Ele está sedado, de acordo com os procedimentos da Unidade de Cuidados Intensivos e dentro do protocolo, devido à gravidade de sua situação.
E quando chegou aqui, estava consciente?
Ele chegou com um estado de consciência baixo devido à gravidade de sua situação. Logo, para a cirurgia, foi sedado.
Quais são as especialidades deste hospital?
Este é um hospital de alta complexidade, temos especialidades em transplantes, em questões cardiovasculares e pulmonares, doenças do aparelho digestivo e trauma.
Quantos médicos trabalham no caso de Follmann?
É um staff amplo de médicos de várias especialidades, de acordo com as necessidades que vão surgindo: neuro-cirurgiões, ortopedistas, cirurgiões plásticos, médicos intensivistas, psicologia...
Follmann deve ficar até a recuperação total aqui ou será transferido para outro hospital?
Estamos em fase de estabilização, buscando que consiga recuperação. É só a primeira fase. Seu translado teria de ser feito com muita segurança. Então, o mais importante é que consigamos a estabilização e depois definirmos o que é melhor para ele.
O senhor está otimista?
Estamos otimistas, também estamos realistas porque é uma situação crítica. Mas estamos otimistas porque estamos colocando em seu caso toda nossa capacidade humana e técnica dessa instituição.
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