Como milhares de pessoas em todo o mundo, também fiquei emocionado com a extraordinária homenagem que os colombianos fizeram à Chapecoense e ao Brasil na noite de quarta-feira. Nunca, em toda a história do futebol, se viu uma cerimônia tão sensível e humana como aquela. Em pouco mais de 24 horas, as autoridades do país e a direção do Atlético Nacional prepararam um evento adequado, organizado e comovente. Os colombianos simplesmente deram um abraço carinhoso nos brasileiros e disseram:
– Estamos com vocês, queremos compartilhar essa dor.
Se já estava às lágrimas, quase desabei quando o treinador Reinaldo Rueda assumiu o microfone e fez um agradecimento ao futebol brasileiro, citando não apenas a escalação da Chapecoense mas também vários craques da Seleção Brasileira de 1970 e, para minha surpresa, o meu nome. Ser lembrado naquele momento tão especial aumentou ainda mais o meu carinho pelos colombianos, que mostraram ao mundo na noite de quarta que o verdadeiro espírito do futebol é aproximar os povos.
Leia mais:
Alberto Mantovani Abeche: tirando a camisa
Cláudio Dienstmann: clube de críquete deveria ser rebaixado
Caue Fonseca: Grêmio, obrigado pelo jejum
Tenho ainda um outro motivo pessoal para gostar do futebol colombiano. Um dos principais jogadores da seleção local, Radamel Falcao Garcia, atualmente no Mônaco, recebeu esse nome porque seu pai era meu admirador. Fiquei sabendo disso por um jornalista de Bogotá. É sempre um orgulho saber que a gente deixou boa impressão.
Depois do que vimos na última quarta-feira, vou torcer, sem dúvida, pelo Atlético Nacional no Mundial de Clubes da Fifa. O time de Reinaldo Rueda mostrou na conquista da Libertadores que tem futebol organizado e veloz para encarar o Real Madrid. Sua torcida e seus dirigentes mostraram virtudes ainda maiores, ao abrir mão do título da Sul-Americana para a Chapecoense e ao promover aquele inesquecível espetáculo de fraternidade, que fica como exemplo e referência para os torcedores brasileiros, especialmente para aqueles que muitas vezes não conseguem controlar suas paixões e seus instintos.
O futebol – como disse o repórter Marcos Uchoa num de seus boletins de Medellín – pode ser, sim, a pátria de todos.
*ZH ESPORTES
