Rodrigo Faraco
Os relatos dos especialistas nos fazem acreditar que a Chapecoense e nossos colegas foram vítimas de uma grande irresponsabilidade e da ganância de quem pensa primeiro no que vai ganhar ou no que vai gastar e depois na segurança das pessoas que transporta. É muito difícil ter uma certeza, afinal não somos especialistas, não estamos fazendo a investigação, mas tudo que chega da Colômbia, com as conversas das gravações entre torre de controle e o avião da Lamia, levam a crer que o voo foi realizado com uma autonomia de combustível no limite do erro.
Leia também
André Podiacki, o nosso Podi
Não havia margem para imprevistos, e assim o acidente com a Chape deixa de ser uma fatalidade para ganhar contornos de homicídio, por negligência e irresponsabilidade. As investigações ainda vão seguir e, tenho certeza, vão mostrar a realidade dos fatos, porque há gravações, porque há relatos e ainda há os sobreviventes, que vão nos contar o que houve dentro do avião. É preciso saber! As autoridades responsáveis, incluindo agências de aviação da Colômbia e da Bolívia, precisam se manifestar.
Os clubes têm que se proteger
A segurança dos voos contratados pelas equipes na América do Sul está em discussão. O acidente com a Chapecoense precisa chamar atenção para isto. A equipe catarinense tomou as providências que muitos tomam ao circular pelo continente nos jogos das competições da Conmebol. O atacante Borja, da Atlético Nacional, adversário da Chapecoense, relatou, em entrevista na Colômbia, que este mesmo avião havia sido usado pelo clube dele recentemente e havia mesmo a necessidade de reabastecimento. Algo que é natural, mas parece ter sido negligenciado com o voo do Verdão.
Durante o Debate Diário de ontem, na CBN Diário, recebi um relato de Joinville sobre um atleta, Bruno Aguiar, que contava ter passado sufoco em um voo com o Santos, na Libertadores 2011. Que também teria sido no limite da autonomia de combustível. É fundamental que os clubes se unam nisto também. Que tirem suas conclusões deste acidente e se protejam mais e protejam seus atletas e famílias também.
Para o futuro
A Chapecoense, tenho certeza, vai mesmo precisar da ajuda e da solidariedade do futebol. O que neste momento é quase uma manifestação unânime dos clubes no Brasil vai ter que se tornar realidade. Escrevo isto porque é natural agora que haja mesmo esta intenção dos dirigentes. Mas daí até a ação efetiva ainda vai um caminho.
Ações como a proteção para que a Chapecoense se mantenha por três anos imune ao rebaixamento na Série A ou o empréstimo de jogadores vão ser mesmo necessárias, e acredito que seja o mínimo que o futebol brasileiro possa devolver à Chapecoense e ao povo de Chapecó.