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O futebol é paixão? Sim, com certeza. Sem ela, não haveria graça alguma. O futebol é negócio? Também. Sem rentabilidade, o clube não vai longe nas competições que disputa. Não monta times competitivos. Não atrai torcedores. Uma coisa exclui a outra? Não. O que é mais importante, paixão ou negócio?
É uma discussão interessante a que o Novo Hamburgo suscitou no sábado quando divulgou que poderia jogar a semifinal de volta contra o Grêmio fora do Estádio do Vale para aumentar sua arrecadação com bilheteria. Entendo perfeitamente a direção do clube se pensar somente no lado financeiro. Apesar da campanha irretocável até aqui, o torcedor do Novo Hamburgo não apareceu.
Os números são risíveis para um time que foi líder na primeira fase e que manteve 100% nas quartas com duas vitórias sobre o São José.
Em renda bruta, nos sete jogos que fez como mandante neste Gauchão, sendo seis pela fase classificatória e uma pelo mata-mata, o Novo Hamburgo arrecadou R$ 251 mil. Foi o quarto pior time em arrecadação, só à frente de Veranópolis, Cruzeiro e São José. Média baixíssima de R$ 36 mil.
De público pagante, nos sete jogos disputados no Estádio do Vale, o Noia teve 7.387 pagantes. Média muito baixa de apenas 1.055 torcedores pagantes por jogo. Também é o quarto pior em média de pagantes, à frente apenas dos mesmos três clubes já citados anteriormente. A mudança para um estádio maior, com ampla possibilidade da torcida gremista comparecer, faria com que o time do Vale do Sinos arrecadasse numa tarde, o que levou três meses para conseguir no seu estádio.
Vale aqui ressaltar que não há nenhuma objeção no regulamento do Gauchão que impeça o Novo Hamburgo de tomar tal decisão. Cabe somente ao mandante do jogo, escolher o estádio onde irá jogar. Desde que respeitado o prazo mínimo de tempo para isso. A renda é toda dele. Não é ilegal mas considero imoral.
Tecnicamente, é um erro sair de casa, apesar do direito conquistado. Jogadores já estão acostumados com o gramado e com as instalações. Toda campanha foi feita ali. Ao decidir jogar num estádio que não seja o seu e se opte por enfrentar o adversário num local onde a torcida adversária será consideravelmente maior, você abre mão de conquistar o maior objetivo de qualquer prática esportiva: vencer. Superar seu oponente de acordo com as regras. O Novo Hamburgo troca as suas vantagens, os seus segredos, por compensação financeira. Dinheiro que servirá para manter o time em atividade o ano inteiro.
Que situação, meus amigos.