A Tocha Olímpica completou, nesta terça-feira, seu terceiro dia no Rio Grande. O revezamento passou pelas cidades de Encantado, Lajeado, Santa Cruz do Sul e Santa Maria. Nesta quarta, será a vez de São Sepé, Caçapava do Sul, Canguçu, Rio Grande e Pelotas.
Leia mais:
Centro ecumênico da Vila Olímpica não terá religiões africanas
Seleção feminina de handebol é convocada para a Olimpíada
Segurança nos Jogos Olímpicos será feita por 26 mil homens
Superação em Santa Maria
Sobrevivente da tragédia na Boate Kiss, da qual ajudou a salvar 20 jovens do incêndio, o professor de educação física e fisiculturista Ezequiel Corte Real abriu o revezamento em Santa Maria. Feliz com a honra de ser o primeiro a conduzir a Tocha na cidade, ontem, ele destacou a importância do símbolo olímpico:
– É uma oportunidade única representar a cidade, o esporte e meus amigos. Sou atleta desde novo e já pratiquei vários esportes, então, tem um significado muito grande. Espero ter força para representar todo mundo.
Chefões da segurança
Filho ilustre de Santa Maria, José Mariano Beltrame conduziu a Tocha Olímpica na Rua 13 de maio, a mesma em que mora sua última madrinha viva e na qual ele na infância via seus pais comprarem frutas e outros vegetais que eram trazidos da roça pelos produtores.
O Secretário de Segurança do Rio de Janeiro se mostrava feliz por ter conduzido a Tocha Olímpica em sua terra natal, sensibilizado pelo local escolhido e ainda contente com a coincidência do nome da rua ser o da data de seu aniversário.
Sobre a segurança dos Jogos Olímpicos, voltou a dizer que ela não faltará, graças à ação conjunta de vários organismos públicos. Destacou o trabalho da Força Nacional, mais uma vez dizendo que "este é o futuro, uma polícia única e bem treinada servindo o país inteiro".
A passagem de Beltrame no revezamento foi debaixo de muita chuva, tendo ele recebido a chama olímpica de outro santa-mariense responsável pela segurança na Olimpíada, Luiz Fernando Corrêa, diretor do setor no Comitê Rio2016.
Do basquete ao atletismo em Santa Cruz do Sul
O trajeto da Tocha foi de entusiasmo e celebração em Santa Cruz do Sul. Ex-jogador de basquete, Rogério Klafke classificou o momento como uma emoção única para quem foi atleta:
– É indescritível. O mais legal de tudo é poder compartilhar com nossos amigos, familiares e com o pessoal que veio prestigiar. Espero que isso contagie a comunidade para que faça cada vez mais esporte.
Responsável por fechar o revezamento, o atleta Fabiano Peçanha, que encerrou a sua carreira no domingo, comparou a oportunidade a uma disputa olímpica:
– É uma alegria enorme. Encerrei a carreira, mas viverei o atletismo até o fim da vida. É uma sensação indescritível para quem teve uma vida toda dedicada ao esporte.
Destaque maior em Encantado
Um dos que conduziram a tocha em Encantado, Antônio Martins dos Reis, 75 anos, fez questão de dançar, correr e acariciar as crianças que acompanharam o percurso, nesta terça.
Vindo de Campo Bom, ele é campeão de ultramaratonas, chegando a correr mais de 200 quilômetros em uma prova. Mais de cem pessoas, incluindo crianças de um projeto social de Campo Bom, foram a Encantado vê-lo conduzir a Tocha:
– Estou emocionado e quero agradecer a comunidade. Vamos iluminar o mundo, reunir os povos, trazer paz e alegria – ressaltou.
Seu Antônio, era motorista e curiosamente, só começou a correr após os 50 anos, depois de um "susto" dado pelos médicos em relação a alguns resultados de exames que denunciavam seu sedentarismo.
– Nunca tive uma emoção igual. Estes 200 metros parece que foram mais pesados do que os quilômetros de uma ultramaratona – dizia emocionado pelo momento único com a tocha na mão.
Tocha sobre patins em Lajeado
Em Lajeado, na terça, um dos destaques do revezamento foi o campeão pan-americano de patinação Marcel Stürmer. E é claro que ele conduziu a Tocha sobre os patins que tantas medalhas deram ao país em competições internacionais. Em Ijuí, na segunda-feira, a emoção empolgou todos com a condução de Waldir Dobler, considerado um dos maiores campeões de corridas de ruas do Estado:
– É a minha coroação no esporte depois de 56 anos – afirmou Dobler.
Tocha salgada
Atenção, condutores da Tocha Olímpica. Se você foi escolhido por um dos patrocinadores do revezamento, ganhará sua tocha de brinde para guardar como um troféu. Já se a escolha veio por algum tipo de indicação ou homenagem, haverá a possibilidade de ficar com a relíquia, desde que pague por ela R$ 1.985. Muita gente que foi indicada em função de alguma homenagem – ser um medalhista olímpico, por exemplo – tem sido surpreendida com isto, não escondendo a frustração.
Professor Olímpico
Acima de tudo um amante do esporte e das Olimpíadas, o professor Eleno Hausmann é figura conhecidíssima em Santa Cruz do Sul. Além de sua atuação na educação junto ao Colégio Mauá, é também apresentador de programas esportivos na Radio Gazeta e trata do tema também em colunas de jornal. Fanático por Jogos Olímpicos, não perde uma edição desde o ano 2000, em Sydney, e já tem tudo certo para ir ao Rio de Janeiro em agosto.
Admirado por pessoas e todas as idades na sua terra e identificado como um entusiasta da pratica desportiva, viu seus alunos e os amigos gritarem seu nome pela ruas da cidade numa espécie de protesto pelo mestre não estar no revezamento da Tocha Olímpica. Bem humorado e extremamente feliz com o evento, apenas dizia:
– Eu quero é estar lá, aqui eu me realizo vendo esta gurizada.
Aos gritos de "Pofessor Olímpico", não esquecia a disciplina e orientava:
– Tem aula e treino depois das três. Não é feriado.
Integração policial
Chama a atenção na viagem do revezamento da Tocha as várias corporações responsáveis pela segurança. São vistos os motociclistas da Brigada Militar, os policiais rodoviários estaduais, o Batalhão de Operações Especiais e os PMs que fazem o policiamento de rua. Com os brigadianos, ainda aparecem os policiais civis, fardados e à paisana, os integrantes da Polícia Rodoviária Federal e os integrantes da Força Nacional de Segurança, esses que são os “anjos da guarda” da Tocha. Em algumas cidades, há o reforço de guardas municipais. Até agora não houve falta de entrosamento e nenhum incidente no Rio Grande do Sul.
Silêncio no carro de som
Existe todo um regulamento no comboio da Tocha Olímpica. Há pelo menos três caminhões dos patrocinadores que são verdadeiros trios elétricos, um com uma forte batida eletrônica, outro com uma batucada ao estilo Olodum e um terceiro com músicas brasileiras de embalo nas quais Ivete Sangalo e Anitta reinam.
O volume é altíssimo, exatamente para agitar a população. Nas regras, porém, está o respeito a determinados lugares. Quando se passa por hospitais, o som para, como aconteceu em Lajeado na hora em que o revezamento esteve na frente do Hospital Bruno Born. Das janelas, funcionários, médicos e até pacientes acompanharam a passagem do fogo olímpico, com direito a muitas fotos e aplausos.
Intocável
Existe uma proibição que é ratificada a todos os condutores da Tocha Olímpica:
– Não deixe ninguém tocar na tocha antes de acendê-la e enquanto não for extinto o fogo.
Além de ter o simbolismo do "objeto sagrado", há a preocupação de que não venha a ser danificado o objeto num descuido ou que a chama se apague antes da hora por algum acidente.
*ZHESPORTES