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Quatro anos depois da primeira medalha, não só a preparação foi maior para Seul. A ambição, também: o segundo fracasso de Telê Santana, desta vez na Copa de 1986, fez a CBF chamar Carlos Alberto Silva para o cargo, com a responsabilidade de rejuvenescer um time já sem Falcão, Sócrates e Zico. A nova equipe tinha jovens de personalidade, como Taffarel e Romário, e jogadores mais rodados, casos de Neto e Andrade. Só havia uma maneira de dar certo: vaidade zero.
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– O Romário tinha uma obsessão: fazer gol – lembra o ex-meia Geovani, capitão daquela seleção. – Só falava nisso, era uma fixação. Então a gente entendeu que tinha que pôr a bola nele. No futebol, alguém se sacrifica para o outro se consagrar.
Ato contínuo, o Baixinho virou goleador do torneio, com sete gols em seis jogos. Com uma campanha que teve saldo positivo de oito gols na primeira fase e vitórias sobre Argentina e Alemanha Ocidental na fase eliminatória, o Brasil já sentia o cheiro do ouro.
– Foi uma pena, foi a nossa melhor chance – lamenta o ex-treinador Carlos Alberto Silva. – Depois convocaram aquela base, e a gente ganhou o Tetra.
Carlos Alberto Silva tem razão quando compara a humildade do grupo de Seul com a do que levou o Tetra. Geovani é um exemplo: expulso por um pênalti bobo na vitória contra a Alemanha Ocidental, assistiu à final contra a União Soviética do banco de reservas e chorou nos ombros de Romário com a derrota. Se Neymar ainda é criticado por ter não ter o perfil de capitão, em 1988 Geovani deu preleção e ouviu o treinador dizer: "Joguem por ele".
– Lembro de entrar no vestiário e ver todo mundo tomando banho com os olhos vermelhos de tanto chorar – balbucia. – A gente merecia.
*ZHESPORTES