
Há uma semana o dinamarquês Benny Nielsen, medalhista de prata na natação nos Jogos de Seul 1988, comunica-se de forma silenciosa com o motorista de táxi que tem o levado, junto com a família, por pontos turísticos e olímpicos do Rio de Janeiro. Um não fala português e o outro não arranha nem o inglês macarrônico que livra muitos brasileiros de problemas pelos corredores do Parque Olímpico. A solução foi apelar para o improviso à moda carioca, turbinado pela tecnologia.
Benny escreve o que quer dizer ao motorista em dinamarquês e aciona o tradutor do celular para mostrar a mensagem em português. O carioca digita a resposta em português em seu aparelho e, após passá-la ao inglês, devolve aos dinamarqueses. A conversa "no mudo" simboliza a avaliação de Benny do Brasil após uma semana por aqui: ainda que lenta, a comunicação funciona.
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– Nós não tínhamos muita ideia de como ia ser por aqui. Há questões que são complicadas, esperávamos mais de uma organização de Olimpíada. O transporte, por exemplo. Não há trens que tragam ao Parque, só ônibus. Mas eu resolvi relaxar. Aceitar que as coisas funcionam em um ritmo mais lento, mas funcionam. Não é difícil, é só uma questão de se adaptar – releva.
Benny veio ao Rio ao lado da mulher, Lone, para acompanhar a filha, Mie, que disputa o 100m costa nos Jogos. Antes da prova deste sábado, uma sorridente Mie cumprimentou os pais ansiosos nas arquibancadas do Estádio Aquático Olímpico, enquanto aquecia.
– Eu sempre fico ansiosa. É uma emoção vê-la. Esperamos que ela vá para a final – diz Lone.
Quando Mie cair na água, Benny e Lone gritarão seu apoio a plenos pulmões. Ao menos os trajetos pelo Rio, combinados em silêncio, pouparam a voz.
*ZHESPORTES