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Superação é a palavra mais usual para caracterizar os participantes de uma Paraolimpíada. A prática da atividade física por pessoas com deficiência é um exemplo de como ultrapassar limites através do esporte. Só que os mais vitoriosos atletas paraolímpicos não se contentam com a simples figuração nos Jogos. O evento é, assim como a Olimpíada, de alta performance. Tanto é que se multiplicam exemplos no paradesporto de competidores que desafiam até algumas marcas olímpicas. Conheça quatro deles.
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O "Blade Jumper" poderia ser ouro na Olimpíada
Talvez o mais importante atleta paraolímpico da atualidade seja o alemão Markus Rehm, do salto em distância, apelidado de "Blade Jumper" por conta da prótese da parte inferior da perna direita.
Rehm, que teve de ser amputado por conta de um acidente de barco, já saltou 8m40cm, o recorde mundial da categoria F44. O detalhe é que o salto lhe daria a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos – Jeff Henderson, dos Estados Unidos, foi campeão com 8m38cm, enquanto o recorde mundial, de 1991, é de 8m95cm.
Campeão paraolímpico em Londres, Rehm, de 27 anos, queria disputar a Olimpíada do Rio, mas foi impedido por uma decisão da Federação Internacional de Atletismo. A entidade considerou que o atleta não conseguiu provar que sua prótese não lhe dava vantagem ao saltar. A final do salto em distância da classe F44 está marcada para o sábado.
Título com marca histórica
A final dos 1500m da classe T13, para deficientes visuais parciais, entrou para a história da Paraolimpíada. No domingo, o argelino Abdellatif Baka terminou a prova com 3min48s29 para bater o recorde mundial e garantir o ouro. O tempo é mais baixo do que o do americano Matthew Centrowitz, campeão olímpico algumas semanas antes com 3min50s.
O ritmo da final paraolímpica foi tão forte que os quatro primeiros colocados registraram marcas melhores do que a do medalhista de ouro na Olimpíada. A inevitável comparação serviu de mostra da força dos atletas do paradesporto.
Ainda assim, há de se fazer uma ressalva. Em provas longas, muitas vezes os competidores se poupam para os metros finais e, assim, não registram bons tempos. Foi o caso da última final olímpica, em que a marca de Centrowitz foi a pior de um vencedor desde os Jogos de 1932.
Pioneirismo no tênis de mesa
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Aos 11 anos, a mesatenista polonesa Natalia Partyka se transformou na mais jovem atleta paraolímpica da história, ao disputar os Jogos de Sydney. Seu pioneirismo se transferiu para a Olimpíada a partir de Pequim 2008. Desde então, foram três edições com sua participação nos dois eventos.
Na Paraolimpíada, Natalia, que nasceu sem parte do braço direito, domina. É tricampeã de simples e disputa, nesta terça-feira, a quarta final consecutiva diante da chinesa Yang Qian.
Nas disputas contra atletas sem deficiência, chegou a figurar entre as 50 melhores do mundo em 2010. Há poucas semanas, na Olimpíada do Rio, foi eliminada, junto com suas companheiras da Polônia, na primeira fase da competição por equipes.
A porta-bandeira acostumada a romper barreiras
O dia 5 de agosto de 2016 é inesquecível para a iraniana Zahra Nemati. Na cerimônia de abertura da Olimpíada, a arqueira de 31 anos teve a honra de conduzir, sentada em sua cadeira de rodas, a bandeira de seu país, em um dos momentos tocantes da festa.
Vítima de um acidente de carro que a deixou paraplégica aos 18 anos, Zahra virou ícone do esporte iraniano na Paraolimpíada de Londres. Há quatro anos, ela se transformou na única mulher de seu país a conquistar um ouro olímpico ou paraolímpico. Além do título individual, levou o bronze por equipes.
No ano passado, com o vice-campeonato asiático, ganhou o direito de disputar a Olimpíada, em que terminou na 49ª colocação. Na Paraolimpíada do Rio, Zahra já engordou sua coleção de medalhas com a prata por equipes e começa a disputa individual na quinta-feira.