Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostram que 50% da população brasileira têm vício de refração, ou seja, miopia, hipermetropia ou astigmatismo. O problema é que um estudo com 1,25 mil pacientes realizado pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, mostra que 60% dos que não enxergam bem rejeitam o uso de lentes corretivas.
Outro recente estudo do IBOPE aponta que três em cada dez mulheres que precisam de óculos de grau, deixam de usar por vaidade. Isso explica porque anualmente 300 mil brasileiros optam pela cirurgia refrativa. Mas nem todos que rejeitam os óculos podem se livrar deles.
No estudo conduzido por Queiroz Neto, dois em cada dez participantes apresentaram córnea muito fina para passar pela cirurgia. A boa notícia é que metade desses pacientes agora pode corrigir a visão. Isso porque, uma nova tecnologia, o Intralase, faz cortes a laser que retira até 20% menos tecido da córnea. O equipamento transforma em vapor d'água células da camada externa da córnea, o epitélio, para que o grau seja corrigido.
O especialista afirma que além de superficial, o corte a laser torna a cirurgia mais precisa e segura.
- Os principais riscos da refrativa são o enfraquecimento da córnea decorrente da profundidade da incisão e o aumento do grau provocado pela irregularidade do corte. O Intralase elimina estas complicações - afirma.
Segundo Queiroz Neto, a recuperação também é mais rápida. Isso porque, o corte superficial facilita a cicatrização, diminui o olho seco pós-cirúrgico e melhora a previsibilidade do procedimento.
Prós e contras de cada técnica:
Queiroz Neto diz que o método mais adequado depende de uma completa avaliação da saúde ocular e do estilo de vida de cada paciente. As características de cada método são:
PRK: indicado para córneas um pouco mais finas e graus moderados de vícios refrativos, é realizado com a raspagem do epitélio - camada externa da córnea. O pós-operatório é mais dolorido, causa menos olho seco que o Lasik e mais fotofobia. A recuperação é mais lenta.
Lasik: só pode ser feito em córneas com 5 micras de espessura. Corrige graus mais elevados que o PRK. O pós-operatório é praticamente indolor. A recuperação é mais rápida, mas causa mais olho seco.
Wavefront: além dos vícios de refração corrige outras pequenas alterações conhecidas como aberrações que chegam a comprometer até 20% da visão. A cirurgia inclui exame no aberrômetro. O equipamento emite mais de mil pontos luminosos que detectam estas imperfeições pelo desvio da luz. O mapa dessas alterações permite moldar a córnea de forma personalizada.
Intralase: pode ser aplicado em córneas mais finas. Causa menos olho seco, é um procedimento mais seguro e preciso. O preço é mais elevado e não tem cobertura dos planos de saúde.
Lente intra-ocular: corrige miopia de seis até 12 graus sem desgastar a córnea ou retirar o cristalino. É indicada para quem tem alta miopia e não pode passar por outro tipo de procedimento. A recuperação é rápida e em 1% dos casos pode surgir infecções intraoculares ou glaucoma.
Prebilasik: indicada para quem tem vício de refração associado à presbiopia ou vista cansada que dificulta a visão de perto a partir dos 45 anos. O laser molda a parte central da córnea para enxergar de perto e a periférica para enxergar de longe. O problema é que a redução da vista cansada não é definitiva.
Alerta aos míopes:
O especialista alerta que mesmo quem passa pela refrativa, deve fazer exames anuais quando completa 40 anos. Isso porque, é a partir dessa faixa etária que surgem doenças oculares relacionadas à idade que em muitos casos estão relacionadas a outras alterações da saúde.
- Míopes que corrigem mais de seis graus devem manter atenção redobrada, mas a maioria desaparece dos consultórios. A partir de 6 graus a miopia aumenta o risco de degenerações na retina que necessitam acompanhamento. É importante destaca que, nesses casos, prevenir é bem melhor do que remediar.