O número de famílias sem-terra cadastradas pelo Incra no Rio Grande do Sul, que já foi de 24 mil, hoje é de 537. Esse saldo é fruto de uma política maciça de assentamentos fundiários que teve início no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e continuou nos governos Lula e Dilma. Um dos símbolos dessa redução no número de sem-terra é a fazenda Southall.
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Em maio completaram-se 10 anos desde que o governo federal decretou a desapropriação do conjunto de cinco fazendas contíguas mantidas pelo pecuarista Alfredo Southall em São Gabriel, uma área contínua de 13,2 mil hectares que era considerada pelo Incra o maior latifúndio gaúcho. A ideia era povoar aquela vastidão com colonos e transformar a estância em modelo de uma reforma agrária bem-sucedida, um exemplo nacional sonhado pelo governo federal e seus parceiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O primeiro revés aconteceu ainda em 2003, quando a desapropriação foi anulada pela Justiça Federal, por problemas na vistoria de produtividade das terras. Nos cinco anos seguintes os sem-terra invadiram várias vezes a área e foram repelidos, inclusive à bala, até que, em novembro de 2008, o governo federal desistiu de desapropriar a área à força e optou por comprar grande parte da terra, 4,9 mil hectares. Ali foram assentadas 225 famílias.
Dessas, algumas romperam a dependência financeira em relação ao governo, objetivo maior da reforma agrária. Outras vivem na miséria e dependem de ajuda para tudo - com papel preponderante do Bolsa-Família nesse cenário. Contradições de um projeto fundiário que ainda está longe de se tornar o paraíso sonhado por muitos.
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