
A facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC) muito provavelmente teria poder de atuação reduzido se não contasse com dois importantes aliados na disseminação das ordens de ataques e na linha de frente da execução dos atos terroristas.
Leia mais:
::: Juíza diz que há falhas do governo em penitenciária
::: Acompanhe a cobertura dos atentados em SC
Advogados que atuam a serviço dos membros da quadrilha e adolescentes responsáveis por ataques a bases policiais e incêndios de ônibus continuam, ao que tudo indica, sendo parte importante desta quarta onda de atentados, assim como já tinha ocorrido em 2012 e 2013, conforme apontou a investigação policial em torno do crime organizado em Santa Catarina.
Do lado de fora das cadeias os presos contam com a utilização de adolescentes no crime. A tática usada pelo PGC está, inclusive, em uma cartilha instituída para divulgar as diretrizes a serem seguidas para que eles possam ascender na organização criminosa. O público alvo é chamado "de menor" e o texto recomenda que eles representem a facção e o "crime correto".
As revelações fazem parte do processo criminal que trata do assassinato da agente penitenciária Deise Alves, executada por integrantes da quadrilha em 26 de outubro de 2012, episódio anterior ao que viria a ser a primeira onda de atentados. A cartilha explica que a expressão "crime correto" significa basicamente vender drogas e praticar atentados.
Tratada como documento pelo PGC, garante aos seguidores das regras espaço no local onde atuam. Isto significa ser responsável por alguns pontos de venda de drogas e ficar com parte dos lucros, divididos com o bando.
Estratégia para fugir de missões
Durante todas as ondas de ataques, a participação da faixa etária em questão se tornou evidente. Nas duas primeiras séries de violência, foram 21 apreensões de suspeitos com menos de 18 anos. Interceptações revelaram que, sem querer se expor nas missões de atear fogo em ônibus ou atirar em prédios de segurança, os interlocutores sugerem "pegá uns muleque" ou "arranja uma gurizada". Na atual onda de ações terroristas, já há oito adolescentes apreendidos.
Advogados continuam servindo de elo de comunicação ao PGC
Conforme declaração do governador em exercício Nelson Schaefer Martins terça-feira à coluna Visor, de Rafael Martini, um advogado a serviço do PGC teria entregue à Justiça um manifesto de detentos da Penitenciária de São Pedro de Alcântara reivindicando melhoria na unidade prisional. A carta foi publicada no Diário Catarinense de ontem.
Além disso, mensagem de texto a que o DC teve acesso, disseminando a ordem para execução de atentados, cita a participação de um "gravata" (advogados) na divulgação do último "salve-geral" (ordem de ataque). Há mais além da relação profissional, como revelam escutas telefônicas. Os gravatas levam e trazem cartas, recados e até cartões de memória com áudios e vídeos. Alguns advogados também recebem ligações diretas de detentos, via celulares, como revelaram os processos judiciais referentes ao crime organizado.