
Certamente, esta não será a primeira vez que você lerá que 2015 será um ano com cenário econômico de crise _ poucos investimentos na produção, juros altos e inflação acelerada. Mas isso não é algo que implica mudanças apenas entre empresários e governantes, como já mostrou o "Diário" na edição do fim de semana. Educadores financeiros traçam para este ano um caminho de mais prudência, para que os orçamentos domésticos também não vão à falência. Para quem nunca fez esse controle, o jornal apresenta um passo a passo para colocar a organização das finanças pessoais entre as metas de ano novo.
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Os preços administrados, como os relativos a gás, gasolina e energia, já começaram a aumentar e pode-se esperar novos reajustes durante o ano. As altas repercutem diretamente nos preços dos alimentos e do frete. Com o dólar alto e devido a outros fatores, o valor dos derivados do trigo tendem a ficar mais caros, assim como o leite, cujo futuro continua incerto.
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Quem faz o alerta é o economista Alexandre Reis, que é professor do Centro Universitário Franciscano e coordenador da Clínica de Finanças. Com base nessas condições, o consumidor pode adotar algumas atitudes: controlar os gastos específicos de energia e gasolina, por exemplo, é um primeiro passo. Adequar a dieta da família para aqueles alimentos de cada estação, que não precisam vir de longe, é outra medida. Quem encontrar promoções desses alimentos deve aproveitar. Mas nada de exagerar no estoque. O economista acrescenta que é muito pior deixar a comida estragar e ir fora.
_ Alimentos fazem parte do tipo de produtos que são de fluxo, ou seja, você consome mais rápido e deve comprar com mais frequência. Se for acumulado, não é bom para o bolso _ explica Reis.
55 milhões de inadimplentes
Outro investimento comum no começo do ano são as reformas, mudanças e adaptações na casa, que acabam tendo como consequência a contratação de pedreiros ou marceneiros. A mão de obra desses profissionais ficou mais cara, por isso, é bom avaliar bem esses gastos.
O excesso de confiança fez com que as pessoas gastassem mais em 2013 e no começo de 2014. E isso acabou refletindo nos meses seguintes, com os altos índices de inadimplência. O SPC Brasil calcula que, até novembro deste ano, 55 milhões de pessoas deixaram de pagar contas em dia. O número é menor do que o recorde registrado até agosto _ 57 milhões _, mas serve de alerta para os brasileiros pensarem bem antes de gastar em 2015.
Por onde começar o controle de gastos
Quem ainda não adotou nenhum sistema de controle de gastos pode achar difícil começar esse acompanhamento. Mas ele é necessário, pois, com base no que se ganha e no que se gasta, é possível planejar melhor os sonhos de consumo, como uma viagem, a troca do carro ou a aquisição da casa própria.
Nesse caminho, sonhos mais baratos, como a compra de um computador novo à vista, após alguns meses de economia, podem ser educativos. Alexandre Reis ressalta que a planilha do orçamento doméstico deve ser adaptada à vida da família:
_ Deve estar à vista e de fácil acesso. Você também precisa de um estímulo para conquistar a disciplina. Mas o primordial é ser realista: em janeiro e fevereiro, temos gastos que não se tem no resto do ano. Por isso, pode ser bom adiar a meta da poupança para abril ou maio _ explica.
(Colaborou Rafaela Mazzaro)
