
A frase é da professora do departamento de ciência e tecnologia de alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Neila Richards, especialista em processamento do leite. Enquanto são divulgadas as notícias de mais uma fraude no leite gaúcho, a pesquisadora alerta que a adição do sal citrato de sódio (que não é o mesmo sal de cozinha, mas uma substância naturalmente presente no leite) ocorre em todo o país, mas a fiscalização no Estado tem sido a mais rigorosa do Brasil:
- Não é uma fraude que prejudica a saúde de quem toma. Mas diminui a qualidade nutricional do leite, ou seja, o consumidor não estará ingerindo toda a proteína e outros nutrientes que imagina estar tomando. Fico indignada que isso só é descoberto aqui, sendo que ocorre em todos os Estados.
:: Leite fraudado chegou a indústrias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná
Neila explica que o citrato de sódio costuma ser adicionado ao leite durante o transporte ou nas usinas de resfriamento, para evitar que o produto talhe até chegar na indústria - e não para aumentar a quantidade, como no caso do formol.
Principalmente no verão, e devido à falta de cuidado com a temperatura do leite tanto no produtor, quanto nos caminhões, pode haver o risco de que o leite "azede". O citrato de sódio estabiliza a proteína, por isso é, muitas vezes, adicionado.
- Quando a indústria analisa o leite e verifica uma quantidade maior dessa substância, nem sempre o leite é descartado porque isso pode acontecer quando a vaca come algo diferente.
A adição do citrato de sódio é proibida no leite cru e no leite pasteurizado. Mas, no leite UHT (de caixinha) é permitida até um limite máximo, por causa do tipo de processamento pelo qual o produto passa para durar mais tempo.