
Três dos quatro funcionários da prefeitura de Bom Jesus indiciados pela matança de cães e gatos admitiram participação no crime. Um quarto negou envolvimento. As informações são do delegado regional da Polícia Civil de Vacaria, Carlos Alberto Defaveri.
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Supostamente, o extermínio foi combinado fora da prefeitura, em ambientes informais. Por esse motivo, a ação ficou descaracterizada como uma ordem oficial da administração do prefeito Frederico Becker. O prefeito nega ter determinado o extermínio e se diz surpreso com o desfecho da investigação.
A intenção do grupo, segundo Defaveri, era acabar com um problema corriqueiro na cidade: a bicharada solta traria transtornos tanto para a prefeitura quanto para moradores.
A Polícia Civil fechou o cerco aos suspeitos quando a delegada Thalita Giacometti Andrich se declarou impedida de prosseguir no comando das investigações. Conforme Defaveri, a policial enviou e-mail na sexta-feira, dia 28 de novembro, pela manhã. Ela alegou motivos pessoais para deixar o inquérito. Thalita não divulgou detalhes das motivações por envolver relações privadas.
- É importante ressaltar que já havia suspeitas fortes sobre esses funcionários e a delegada responsável se declarou impedida de seguir adiante, o que foi uma decisão correta - diz Defaveri.
O caso foi assumido pelo delegado Flademir Paulino de Andrade. No mesmo dia, uma equipe de policiais civis reforçou a delegacia de Bom Jesus e começou a coletar provas e ouvir suspeitos. Os funcionários públicos foram interrogados entre sexta e domingo.
- A ideia deles era fazer uma limpeza porque havia muitos cães e gatos soltos e sem dono - revela o delegado regional.
Os três indiciados que admitiram participação explicaram que as tarefas foram compartilhadas. Enquanto um teve a ideia, os demais se dividiram em comprar o veneno, adquirir o alimento e fazer a mistura fatal. Perto dos bichos mortos, a polícia recolheu restos de farelo de frango e sebo.
- O sebo foi comprado em um açougue por R$ 0,50 centavos o quilo. Pode ser que o farelo também tenha sido adquirido em algum comércio, mas não conseguimos descobrir - revela Defaveri.
Com o veneno preparado, dois funcionários saíram de carro particular para espalhar a isca na madrugada de 19 para 20 de novembro. Um vídeo apreendido pela Polícia Civil mostra o veículo passando por um ponto da área central e se aproximando dos cães. O veneno foi distribuído em pontos diferentes de Bom Jesus.
Os bichos começaram a aparecer mortos na manhã seguinte. Ao todo, morreram 126 cães e três gatos.
Os indiciados não foram presos porque não houve flagrante. A Polícia Civil também não divulga a identidade dos funcionários públicos para preservar a integridade deles.