Geral

Investigação

Matança de bichos em Bom Jesus teria sido combinada fora da prefeitura

Funcionários dividiram tarefas, segundo a Polícia Civil

Adriano Duarte

Enviar email
Polícia Civil / Divulgação
Animais foram encontrados agonizando na manhã de 20 de novembro

Três dos quatro funcionários da prefeitura de Bom Jesus indiciados pela matança de cães e gatos admitiram participação no crime. Um quarto negou envolvimento. As informações são do delegado regional da Polícia Civil de Vacaria, Carlos Alberto Defaveri.

>> Cães e gatos são dizimados na Serra e polícia tenta descobrir responsáveis
>> Cadela salva de envenenamento em Bom Jesus ganha um lar

Supostamente, o extermínio foi combinado fora da prefeitura, em ambientes informais. Por esse motivo, a ação ficou descaracterizada como uma ordem oficial da administração do prefeito Frederico Becker. O prefeito nega ter determinado o extermínio e se diz surpreso com o desfecho da investigação.

A intenção do grupo, segundo Defaveri, era acabar com um problema corriqueiro na cidade: a bicharada solta traria transtornos tanto para a prefeitura quanto para moradores.

A Polícia Civil fechou o cerco aos suspeitos quando a delegada Thalita Giacometti Andrich se declarou impedida de prosseguir no comando das investigações. Conforme Defaveri, a policial enviou e-mail na sexta-feira, dia 28 de novembro, pela manhã. Ela alegou motivos pessoais para deixar o inquérito. Thalita não divulgou detalhes das  motivações por envolver relações privadas.

-  É importante ressaltar que já havia suspeitas fortes sobre esses funcionários e a delegada responsável se declarou impedida de seguir adiante, o que foi uma decisão correta - diz Defaveri.

O caso foi assumido pelo delegado Flademir Paulino de Andrade. No mesmo dia, uma equipe de policiais civis reforçou a delegacia de Bom Jesus e começou a coletar provas e ouvir suspeitos. Os funcionários públicos foram interrogados entre sexta e domingo.

- A ideia deles era fazer uma limpeza porque havia muitos cães e gatos soltos e sem dono - revela o delegado regional.

Os três indiciados que admitiram participação explicaram que as tarefas foram compartilhadas. Enquanto um teve a ideia, os demais se dividiram em comprar o veneno, adquirir o alimento e fazer a mistura fatal. Perto dos bichos mortos, a polícia recolheu restos de farelo de frango e sebo.

- O sebo foi comprado em um açougue por R$ 0,50 centavos o quilo. Pode ser que o farelo também tenha sido adquirido em algum comércio, mas não conseguimos descobrir - revela Defaveri.

Com o veneno preparado, dois funcionários saíram de carro particular para espalhar a isca na madrugada de 19 para 20 de novembro. Um vídeo apreendido pela Polícia Civil mostra o veículo passando por um ponto da área central e se aproximando dos cães. O veneno foi distribuído em pontos diferentes de Bom Jesus.

Os bichos começaram a aparecer mortos na manhã seguinte. Ao todo, morreram 126 cães e três gatos.

Os indiciados não foram presos porque não houve flagrante. A Polícia Civil também não divulga a identidade dos funcionários públicos para preservar a integridade deles.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha Atualidade

08:10 - 10:00