As tais adequações referidas pela presidente Dilma Rousseff na reunião com os ministros já eram de conhecimento do público, mas foram reavivadas e se transformaram em combustível para as manifestações organizadas por sindicalistas. Desgastada pelo escândalo da Petrobras, Dilma tem dificuldade para obter apoio a qualquer mudança, porque logo vem o argumento de que o dinheiro desviado seria suficiente para tudo e mais um pouco.
Mesmo que Dilma tenha recuado em relação à proposta inicial, pressionada pelo PT e pelos sindicatos, as restrições vão continuar, sob pena de explosão nas contas do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
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As mudanças no seguro-desemprego e nas pensões são correções necessárias. Antipáticas, sim, principalmente para quem prometeu não mexer nos direitos dos trabalhadores, mas é preciso discuti-las sem paixão e reconhecer que os números não batem. Em um país com índices tão baixos de desemprego nas estatísticas, o que se gasta com o seguro aos desempregados é absurdo, para dizer o mínimo. Em 2003, o governo gastou R$ 6,6 bilhões com o seguro. Em 2014, essa despesa pulou para R$ 35,2 bilhões, apesar da redução consistente das taxas de desemprego.
O seguro é necessário para proteger o trabalhador que perdeu o emprego, enquanto procura outra vaga ou se requalifica para mudar de ofício. Não pode ser instrumento de estímulo à informalidade nem de incentivo ao ócio remunerado, muito menos de fraude.
A alteração nas pensões do INSS a viúvas jovens e de boa saúde pode ser pouco relevante em termos de resultado financeiro, mas corrige uma distorção. Falta estender as restrições ao setor público, onde está o verdadeiro rombo. Nenhum país entre as maiores economias do mundo é tão pródigo na concessão de pensões quanto o Brasil. A conta de uma renda vitalícia de até R$ 30 mil mensais a jovens que poderiam trabalhar para se sustentar é paga por toda a sociedade, em forma de impostos e de cortes em serviços públicos.
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