Ao abrir mão do aumento salarial sancionado na sexta-feira por ele mesmo, o governador José Ivo Sartori e o vice, José Paulo Cairoli, tiveram um gesto de grandeza. A quantia a que os dois renunciaram é insignificante diante do tamanho da crise financeira do Estado, mas tem valor simbólico: o governador e o vice estão dizendo que também darão sua parcela de sacrifício.
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Sartori, que na sexta-feira definiu como "demagogia" o veto aos aumentos, rendeu-se à voz das ruas. Foram tantas as críticas, que ele tomou a única medida possível depois do desastre da semana passada, quando sacramentou o aumento para quem ganha mais, no mesmo dia em que os deputados foram informados do tamanho do rombo nas contas públicas - R$ 7,1 bilhões segundo a consultoria PwC.
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Sartori resistiu em voltar atrás no discurso de que abrir mão do aumento seria demagogia. Não queria constranger os deputados, que o aconselharam a sancionar os projetos e são beneficiários do aumento de subsídio. A amigos, disse que não gostaria de "passar por bonzinho", mas acabou cedendo.
Por enquanto, apenas dois deputados - Tiago Simon (PMDB) e Marcel Van Hattem (suplente do PP que assumirá uma cadeira na Assembleia) - abriram mão do aumento. É pouco provável que outros o façam. Entre os aliados, a maioria avalizou a sanção com o argumento de que "em três dias ninguém mais fala disso". Os deputados de oposição, que satanizaram o governador, costumam criticar os aumentos, mas não abrem mão dele, nem doam a diferença para uma instituição de caridade. Jogam para a plateia.
Os ex-governadores (e as viúvas) que recebem pensão poderiam dar sua parcela de contribuição, abrindo mão do aumento. Afinal, ganham mais do que o governador em atividade: a pensão equivale ao subsídio de desembargador.
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