Adriano Duarte
Mil pessoas assinaram um abaixo-assinado pedindo a intervenção do Ministério Público (MP) para um problema que se arrasta há anos e já matou pelo menos 18 pessoas em Caxias do Sul: o acesso ao bairro Cidade Industrial e proximidades. O trecho mortal abrange os quilômetros 71 e 72 da ERS-122.
Os acidentes são favorecidos pela alta velocidade de veículos, inexistência de semáforos ou lombadas, rotatórias e outros dispositivos de segurança. A situação piorou nos últimos anos porque o trecho tem ocupação desordenada às margens da rodovia, o que força a disputa de espaço entre pedestres e veículos na faixa. Cinco protestos trancaram a passagem de veículos nas últimas semanas.
O pedido de melhorias foi protocolado pela Associação de Moradores do Cidade Industrial na manhã desta sexta-feira. O documento reúne o nome de moradores e motoristas que apoiaram as manifestações anteriores.
A tarefa de implantar melhorias de impacto a curto prazo não será tão simples. Esse trecho da ERS-122 será transferido para a gestão da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), trâmite que ainda não tem prazo definido. Até lá, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) possivelmente não lançará projetos como rotatórias ou passarelas, por exemplo.
Diante do abaixo-assinado, o protesto não será realizado nesta sexta-feira como vinha ocorrendo. Hugo Trindade, secretário-geral da Amob Cidade Industrial, diz que o grupo aguardará uma posição do MP.
- Vamos aguardar uns dias e ver se a promotoria consegue alguma coisa com o governo. Caso contrário, voltaremos a fazer novos protestos, mas daí será o dia todo.
As 18 mortes registradas na rodovia compreendem um período de 19 anos, mas a maioria dos óbitos ocorreu a partir dos anos 2000, quando a ERS-122 ainda era administrada por empresas privadas de pedágio. A mortalidade coincide com o crescimento populacional e o aumento da frota de veículos, evolução não acompanhada por investimentos na estrada.
Na próxima semana, o governo Sartori apresentará um programa de 100 metas a serem cumpridas no Rio Grande do Sul. O setor que terá maior relevância no pacote é o de infraestrutura viária. Não há garantias, porém, de que as reivindicações dos moradores do Cidade Industrial e de outros acessos da Rota do Sol, em Caxias do Sul, serão atendidas.