Mais de um ano e meio já se passou desde que a operadora de máquinas Elisiane Escain foi atropelada na ERS-122, na entrada do bairro Cidade Industrial, em Caxias do Sul. Mesmo depois de tanto tempo, ela ainda carrega as marcas do acidente que por pouco não lhe tirou a vida.
A data ela não esquece: era 18h15min do dia 31 de outubro de 2013. Como sempre, Elisiane saiu do trabalho e foi a pé para casa. Quando chegou à entrada do bairro, olhou para os dois lados da rodovia e só viu um caminhão, bem distante de onde estava. Ela acordou no hospital, após ser atingida por um Monza dirigido por um motorista não habilitado. Até hoje ela não sabe de onde veio o veículo.
- Lembro só que eu parei aqui e vi um caminhão lá no fundo. Lembro que tentei voltar, dei dois ou três passos pra trás, mas não consegui.
Elisiane ficou 11 dias na UTI - parte desse tempo em coma - e mais 18 hospitalizada. Durante sua recuperação, sofreu quatro paradas cardíacas. A colisão lhe rendeu muitas cicatrizes visíveis ainda hoje, causadas pelo acidente e pelas mais de dez cirurgias pelas quais passou.
Hoje ela consegue caminhar sozinha, mas isso não aconteceu sem esforço: um ano e meio depois do acidente, ela ainda faz fisioterapia cinco vezes por semana. Durante a recuperação, dependeu por seis meses de uma cadeira de rodas e dois de muletas.
- Milagres existem. Tenho muita fé em Deus e força de vontade. Hoje eu consigo fazer minhas coisas, com dificuldade, mas consigo.
Para que outros vizinhos e amigos não passem pelo mesmo, os moradores do bairro Cidade Industrial lutam por melhorias na rodovia. Nesta sexta-feira a via foi bloqueada por manifestantes pela quinta vez.
Na próxima semana um abaixo-assinado pedindo semáforo ou lombada eletrônica no trecho será entregue ao Ministério Público. Caso nenhuma atitude seja tomada, os moradores prometem bloquear completamente a ERS-122 por tempo indeterminado.