Adriano Duarte
Enquanto promessas de trânsito travam nos gabinetes do Estado, vidas são perdidas no trecho urbano da Rota do Sol, em Caxias do Sul. Na manhã de quarta-feira, Cristiane Bueno de Oliveira da Silva, 37 anos, casada e mãe de dois filhos, morreu numa colisão no Km 73 da ERS-122, trevo de acesso ao bairro Cidade Nova.
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O ponto está incluído num estudo que relaciona outros 15 acessos altamente favoráveis a acidentes no trajeto que circunda o Oeste e Norte da cidade em direção ao Litoral. Até agora, pouco se avançou, apesar dos apelos da população e dos alertas do Ministério Público (MP).
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Cristiane conduzia um Ford Ka e converteu no trevo na frente da sede campestre da Marcopolo. Um caminhão que passava pela ERS-122, no sentido Farroupilha-Caxias do Sul, atingiu o carro da mulher, e arrastou-o por cerca de 15 metros. Cristiane não teve chances. Jadir Bianchini, 41, condutor do caminhão, escapou sem ferimentos.
Ao tomar conhecimento do acidente, o presidente da Associação de Moradores do Cidade Industrial, Hugo Trindade, telefonou para o gabinete da Secretaria Estadual de Transportes e cobrou uma promessa de junho do secretário Pedro Westphalen: instalar um controlador de velocidade naquele trecho da estrada.
Foi Trindade e outros moradores que trancaram a ERS-122 em protesto por mais segurança do Km 71 (acesso a Estrada dos Romeiros) ao Km 73 (acesso ao Cidade Nova) no primeiro semestre deste ano. Levantamento mostrou que 18 pessoas morreram em acidentes apenas nesses dois quilômetros nos últimos anos. Com a morte de Cristiane, agora são 19 vidas roubadas.
- Em junho, o secretário prometeu uma lombada eletrônica no Km 72 (trevo da Iveco) em três meses e não se cumpriu. No gabinete, disseram que ninguém sabia dessa promessa e ficaram de retornar. Acho difícil que isso ocorra tão cedo - desabafou Trindade.
O líder comunitário e moradores acreditam que uma lombada teria efeito cascata sobre a velocidade exagerada de caminhões e carros na Rota. A tendência é de que os motoristas aliviem o acelerador antes do trevo da Iveco, facilitando a travessia de quem está de carro ou a pé. É uma teoria dependente de estudos dos técnicos do Daer. O problema é que o departamento anunciou semana passada não ter qualquer previsão de implantar equipamentos no trecho, contrariando a promessa do secretário e o próprio diretor da autarquia.
Cristiane percorria o caminho mortal havia pelo menos seis meses, tempo que trabalhava na empresa. Ela morava com a família em um condomínio no bairro Lourdes. Na moradia, costumava reunir amigos para encontros sobre budismo. Amigos e conhecidos deixaram mensagens de pesar no perfil da vítima no Facebook.
O velório e o sepultamento de Cristiane ocorrem nesta quinta-feira em Pelotas, cidade natal da mulher.
Observação: o trecho da ERS-122, entre o viaduto torto no Desvio Rizzo e o trevo de acesso a Flores da Cunha, também é conhecido como Rota do Sol. A partir do trevo de acesso ao bairro Santa Fé, a Rota do Sol ganha a denominação de RSC-453.