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Quando apresentada pela prefeitura no início de 2012, a ideia de um Centro Cultural do Samba na Avenida Padre Cacique veio acompanhada do seguinte selo: "um espaço qualificado para receber turistas durante a Copa". Só que a Copa acabou, o turista voltou para casa e, até hoje, nem sinal de obras. Nesses quatro anos, datas para o início da construção foram prorrogadas pelo menos três vezes. Até que, agora, já não há mais prazo algum.
O espaço planejado para as entidades carnavalescas
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O projeto da área que reunirá as quadras de Imperadores do Samba, Academia de Samba Praiana, Banda Saldanha, Udesca e Samba do Irajá foi divulgado ainda em novembro de 2014. Os desenhos passaram por aprovação e detalhamento executivo e a licitação está prevista, segundo a prefeitura, para o início de 2016 - mas ainda não se sabe como a obra, estimada em R$ 15 milhões, será financiada. Sem perspectivas, as entidades tentam amenizar os prejuízos de se prepararem para mais um Carnaval em estruturas provisórias.
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A Praiana, por exemplo, deixou sua área próximo ao Beira-Rio para se fixar nas dependências da Banda Itinerante. Nesse processo, a escola gastou R$ 250 mil - dos quais a prefeitura custeou 30%, segundo o tesoureiro, Eduardo Leal.
- E seguimos em uma estrutura precária. Só que não adianta querermos construir ali. Primeiro, porque a escola não tem condições e, segundo, não sabemos para onde vamos. Saímos porque era um ponto estratégico para a Copa do Mundo e agora estamos nessa situação - lamenta Leal.
Imperadores construiu muro de mais de R$ 56 mil
A Imperadores do Samba, que já tinha perdido metade de sua área com a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, teve a cobertura provisória (de lona) completamente arrancada durante um temporal em outubro deste ano. Os tapumes que cercavam a escola de samba no trecho em que ela foi cortada ao meio também se perderam com o mau tempo de meses atrás.
A pedido da entidade, o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) instalou no local placas de concreto que somam R$ 56.620.
- Já que não sabemos quando vamos nos mudar para a nova sede, precisamos pelo menos ter o mínimo de dignidade. Por isso pedimos o muro. A redução do espaço já nos impossibilitou de fazer eventos que ajudavam a angariar fundos para o nosso Carnaval e para manter a escola - lamenta Rodrigo Costa, presidente da Imperadores.
A prefeitura garante que o investimento no paredão não é fruto de uma previsão de atrasos ainda maiores - "o material será reaproveitado em outro logradouro, uma vez que venha a não ser mais necessário neste endereço", informou o Demhab.
O vice-prefeito Sebastião Melo, que responde sobre o futuro Centro Cultural do Samba, não trabalha mais com prazos. Segundo ele, a nova previsão de início e conclusão do trabalho deve sair somente no próximo ano, após a licitação da empresa construtora - quando surgirá, então, outro impasse: o orçamento.
- Pode ser com recursos próprios, com contrapartidas de obras do entorno. Isso é uma construção. Sempre digo: o maior orçamento de uma prefeitura está na cabeça do gestor, tem de ser criativo. Mas existe um compromisso político do governo de realizar essa obra - garante Melo.