A ausência de explicações plausíveis diante das reclamações sobre o cheiro e o gosto da água em regiões específicas de Porto Alegre evidencia o custo da negligência e da falta de fiscalização rotineira para garantir a qualidade de um bem essencial em relação ao qual não pode haver abalo na confiança por parte de consumidores. Por mais que os órgãos públicos insistam em negar prejuízos à potabilidade, a decisão de mudar o ponto de captação para o Rio Jacuí, uma alternativa cara e demorada, significa o reconhecimento de que o problema existe. O que precisa ser garantido, de imediato, é rigor nos controles permanentes para evitar que a população, de um momento para outro, corra o risco de enfrentar um colapso no fornecimento.
Comum nos períodos mais quentes do ano, quando é provocado por algas, o problema atual se estende há praticamente dois meses. Desde então, os responsáveis pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) se empenham, mas não conseguem descobrir as causas. Em consequência, criou-se um caso grave de saúde pública que não pode persistir muito tempo, pois a população tende a reduzir a ingestão de água e até mesmo a usá-la menos para manter a higiene.
Como a mudança do ponto de captação não é para agora, cresce a urgência na busca de explicações. Simultaneamente, é preciso que o setor público padronize e intensifique a fiscalização em todas as fases, desde a captação, investindo em campanhas de conscientização e agindo com rigor nos casos comprovados de poluição. Água potável é um produto sobre o qual não podem pairar suspeitas.