Se já havia perspectiva de um corte de 0,5 ponto percentual no juro básico antes do resultado do IPCA de sexta-feira, a inflação comportada, de 0,08% em setembro, chancelou as previsões. Agora, o mercado entra em contagem regressiva até a reunião do dia 19, quando o Banco Central (BC) deverá confirmar a redução. O início de um ciclo de baixa na taxa básica pode ser o primeiro dos "elementos dinamizadores adicionais" necessários para transformar a melhora na confiança de empresários e consumidores em recuperação efetiva da economia.
Embora houvesse expectativa de aumento de preços mais tolerável, o índice mais baixo para setembro desde 1988 provocou até um apelo por "serenidade" do presidente do BC, Ilan Goldfajn. É uma espécie de "habeas calma" frente à previsível maior pressão por cortes rápidos e expressivos até novembro.
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Nas empresas, a normalização do mercado de crédito é um dos elementos que faltam para reativação de investimentos e contratações. O corte no juro básico ajuda, mas não resolve sozinho. A situação de atrasos nos pagamentos e de acúmulo em recuperações judiciais inflou o chamado spread, a diferença entre a remuneração aos aplicadores e a cobrança dos clientes de empréstimos nos bancos.
Com juro básico menor, a possibilidade de reativar algum consumo no final de ano é maior. Caso se confirmem as projeções, o juro básico pode cair para 13,25% até o início de dezembro. Com a inflação murchando, até menos. Ainda é uma taxa extremamente elevada, especialmente para um país que enfrenta uma recessão longa e profunda. Mas é o melhor sinal concreto de melhora das condições econômicas que se poderia esperar para este final de ano.