Raquel Fronza
A greve dos médicos do SUS em Caxias do Sul entra nesta segunda-feira na quarta semana com menos força, mas ainda sem sinais de solução. Até a última sexta-feira, 11.679 pacientes foram prejudicados com o cancelamento de consultas. O reagendamento preocupa a Secretaria Municipal de Saúde, que só tem como fazer planos para recuperar os atendimentos a partir do momento em que houver data do retorno de todos os profissionais. A prefeitura também anunciou uma sindicância para apurar a demora no atendimento no Pronto-Atendimento 24 horas (Postão): denúncias indicam que alguns médicos atenderiam dois ou três pacientes por turno, o que provocaria longas horas de espera.
Além dos números serem impactantes, o relato de pessoas que aguardavam há meses por uma consulta e que, muitas vezes, ficam sabendo do cancelamento somente no guichê, divide-se entre indignação e cansaço. Há regiões da cidade que sentiram ainda mais o reflexo da paralisação. Nos bairros Belo Horizonte, Santa Fé e Vila Ipê, por exemplo, são apenas três médicos que não aderiram à greve e, mesmo assim, segundo moradores, eles não comparecem todos os dias nas unidades básicas de saúde (UBS). Revezando-se entre alguns turnos de atendimento durante a semana, esses profissionais absorvem a demanda de colegas paralisados e respondem por todas as consultas numa região da cidade que abrange 45 mil usuários.
– Nós fizemos um abaixo-assinado com mais de 700 assinaturas e entregamos ao secretário. Agora parece que vai chegar mais alguns médicos do programa Mais Brasil. Os médicos que estão atendendo, estão sobrecarregados. E falta pediatra também – desabafa Claiton da Cruz, representante da região no Conselho Municipal da Saúde.
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